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A diabetes como principal causa de cegueira, amputações não traumáticas e doença renal crónica

A diabetes como principal causa de cegueira, amputações não traumáticas e doença renal crónica

Por Edite Nascimento, Especialista em Medicina Interna / Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da SPMI.

Desde 1991 que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Federação Internacional da Diabetes (IDF) comemoram esta data.

Segundo os dados desta Federação, referentes a 2019 e em todo o mundo, 463 milhões de pessoas adultas (entre os 20 e 79 anos de idade) têm diabetes. Estima-se que este número atingirá os 700 milhões em 2045. Em 2019 uma em cada 5 pessoas com mais de 65 anos sofria desta doença, tendo sido responsável por 4.2 milhões de mortes.

O mesmo relatório refere que mais de 1.1 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo vive com diabetes tipo 1, e mais de 20 milhões de nascimentos têm uma história prévia de diabetes na gravidez.

Em Portugal, e segundo os dados do Observatório Nacional da Diabetes, mais de um milhão de pessoas têm diabetes (13.6% da população entre os 20 e os 79 anos de idade). Destas aproximadamente um terço está por diagnosticar e dois milhões têm risco elevado de vir a ter a doença no futuro.

Estes números não param de crescer, refletindo o impacto que a maior longevidade, associada a estilos de vida cada vez mais sedentários e maus hábitos alimentares, tem na prevalência desta doença.

As implicações sociais e económicas são enormes, consumindo a diabetes e as suas complicações uma fatia significativa do orçamento anual para a saúde. Em Portugal, a diabetes ainda é a principal causa de cegueira, de amputações não traumáticas dos membros inferiores e de doença renal crónica com necessidade de hemodiálise.

O Programa Nacional para a Diabetes, foi classificado como prioritário pela Direção Geral da Saúde. A diabetes mellitus tipo 2 é uma doença que pode ser prevenida se todos contribuirmos, com alterações profundas do estilo de vida ou seja adotando hábitos alimentares saudáveis e praticando regularmente exercício físico.

Perante esta realidade, em 2007 a Organização das Nações Unidas (ONU), através da sua resolução (61/225) associou-se a esta causa elegendo o dia 14 de novembro como o Dia Mundial da Diabetes.

Como símbolo foi escolhido um círculo de cor azul. O círculo nas diferentes culturas simboliza a vida e a saúde. A cor azul (a mesma da bandeira da ONU) simboliza a união de todas nações. O círculo azul pretende assim simbolizar a união para a resposta à (também) pandemia da diabetes.

A escolha deste dia do ano, constitui uma homenagem a Frederick Banting, nascido a 14 de novembro de 1891. Este investigador, em parceria com Charles Best e após anos de trabalho, anunciaram a descoberta da insulina em 1921, tendo o primeiro doente sido tratado logo no ano seguinte. Esta façanha valeu-lhes a atribuição do Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1923.

Em 2020 o tema de destaque escolhido pela IFD para o dia Mundial da Diabetes é: “Os (as) Enfermeiros (as) fazem a diferença na diabetes”. A campanha centra-se no papel fundamental que os profissionais de enfermagem desenvolvem nos vários locais, na prevenção e tratamento da diabetes.

Apesar da preocupação de todos estar compreensivelmente virada para a pandemia Covid-19, não podemos deixar de alertar também para a pandemia da diabetes como um problema nacional e mundial de saúde pública. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e o seu Núcleo de Estudos da Diabetes associa-se a esta causa, e desde há longa data que trabalha em prol de mais e melhores cuidados para as pessoas com diabetes em Portugal.

No dia 14 de Novembro celebra-se o dia Mundial da Diabetes.

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