“O que pesou foi o candidato Luís Paixão e a sua equipa sentirem uma grande Paixão por Sagres”
“A função principal de uma Junta de Freguesia é ser a voz da população junto das entidades que têm responsabilidade de resolver os seus problemas”
Quem é Luís Paixão?
Luís Miguel Paixão, tem 52 anos, nasceu e vive na Vila de Sagres. É casado. Pai de duas filhas com 16 anos. Frequentou a escola Secundária Gil Eanes. Percurso Profissional: Instrutor de condução até 2018 e actualmente comerciante. Trajecto Político: Fundador da J.S.D Vila do Bispo em 1990, foi seu presidente até 1997. Militante do PSD em 1989, foi presidente da concelhia social-democrata entre 2008 e 2017. Percurso autárquico: Eleito na lista do PSD, foi membro da Assembleia de Freguesia de Sagres entre 1993 e 1997. Foi Tesoureiro da Junta de Freguesia de Sagres entre 1997 e 2013 numa equipa liderada por Fernando Santana. Nas eleições autárquicas de 2013 foi número dois, continuou com o cargo de tesoureiro, numa lista liderada por Fernando Martins, que por motivos de saúde abandonou o cargo de presidente em Janeiro de 2014, tendo Luís Paixão assumido a presidência da Junta de Freguesia até ao final do mandato. Nas autárquicas de 2017 recandidatou-se, mas desta vez numa candidatura independente “Paixão Por Sagres” e venceu com maioria absoluta. Luís Paixão é também um rosto do associativismo: no Clube Recreativo Infante de Sagres, desempenhou vários cargos, foi secretário da mesa da Assembleia Geral, Tesoureiro e Presidente da Direcção.
Junta de Freguesia de Sagres: Número de Habitantes: 1909 (CENSOS 2011, actualmente deve estar próximo dos 2.500) ; Número de Eleitores – 1556 Executivo: Presidente: Luís Miguel Gonçalves da Paixão; Secretário: Clésio Patrício Moreira Ricardo Tesoureiro: Raquel Alexandra dos Santos Correia. Assembleia de Freguesia: Presidente: João Paulo da Silva Graça; Secretário: Adriana Isabel Fernandes Pinto; Secretário: André da Costa Pinheiro. Restantes Membros: Samuel Baptista Mateus de Sousa; Igor Aurélio Ricardo Simão; José Francisco Furtado Rodrigues; Maria José da Conceição Ramos Rosado; Marcia Sofia dos Reis Francisco José Manuel da Rosa Gonçalves Amélio. Orçamento da Junta de Freguesia – 107.912,00€ (2019) Número de Funcionários - 1
Correio de Lagos – Desde logo por que razão se recandidatou e porque encabeçou uma lista independente e não o PSD onde era o líder da concelhia?
Luís Paixão – Candidatei-me porque queria continuar o trabalho desenvolvido no mandato anterior e podia contar com uma equipa cheia de vontade e energia para trabalhar em prol da freguesia de Sagres. Encabecei uma lista independente e não o PSD, partido pelo qual concorri durante 24 anos, porque não concordei com a estratégia adoptada pelo PSD Algarve para Vila do Bispo. A minha discordância teve a ver com princípios dos quais eu não abdico, porque acredito que um partido politico tem que se reger por princípios, por ideais e por valores e a estratégia do presidente do PSD Algarve para Vila do Bispo não cumpria com os princípios que eu defendo. O resultado eleitoral deu-me razão.
CL – “Paixão por Sagres” foi o nome escolhido para a candidatura triunfante, inferindo diversas conotações: “O Candidato Luís Paixão”; “A Paixão do Candidato por Sagres onde nasceu e vive; “A Novela Paixão”, da SIC que teve a apresentação em Sagres e rodou no concelho de Vila do Bispo. Afinal, o que é que pesou nesta opção?
LP – O que pesou foi o candidato Luís Paixão e a sua equipa sentirem uma grande Paixão por Sagres.
CL – Embora estivesse ao lado de Fernando Santana durante vários anos, que herança recebeu e quais as principais medidas que tomou no seu primeiro mandato no cargo de presidente?
LP – Estive ao lado do Fernando Santana, como seu tesoureiro, durante 16 anos, herdei a vontade de trabalhar para o desenvolvimento de Sagres. Uma Junta de Freguesia como a de Sagres é muito limitada financeiramente, apesar dessa limitação, no primeiro mandato destaco o investimento efectuado no espaço onde se encontra a estátua do Infante D. Henrique, que se encontrava sem vida, era um espaço “morto” e que com a colocação de alguns equipamentos, como um Skate Park, uns aparelhos de ginástica, mesas e bancos ganhou vida. Destaco também a criação de uma biblioteca do edifício da Junta de Freguesia.
CL – Já neste segundo mandato, Sagres foi alvo de notícias nacionais e regionais, pelos piores motivos. Recordamos os problemas do Porto da Baleeira e também a malfadada EN 268. Qual o ponto da situação destes dois problemas mediáticos?
LP – A função principal de uma Junta de Freguesia é ser a voz da população junto das entidades que têm responsabilidade de resolver os seus problemas, é isso que temos feito o Porto da Baleeira e a entrada de Sagres são dois exemplos disso. Quanto ao Porto da Baleeira, foram retiradas as escadas velhas e colocadas 10 novas e sei pela comunicação social que vai ser feito um investimento de um milhão de euros. Espero que este investimento seja feito de modo a servir os pescadores e Sagres, porque o Porto da Baleeira é muito importante para o desenvolvimento económico de Sagres. Quanto à entrada de Sagres, as Infraestruturas de Portugal estão “a brincar” com a Junta de Freguesia e com a sua população, pois depois da reunião realizada em Sagres no dia 13 de Agosto de 2018 não nos disseram mais nada, nem respondem aos email´s enviados. No final do mês de Março enviamos ao novo ministro das infraestruturas e da habitação, Dr. Pedro Nuno Santos uma carta a desejar-lhe felicitações para o cargo e dar-lhe a conhecer o problema da entrada de Sagres, acompanhada de fotos, até à data não obtivemos resposta.
CL - Porém, Sagres em larga maioria é alvo das melhores notícias. A Fortaleza, o Forte do Beliche, o Farol de S. Vicente e as maravilhosas praias são grandes referências do concelho de Vila do Bispo, do Algarve e de Portugal com visitas de gentes de todo o mundo. O que é que sente o presidente da Junta de freguesia de Sagres perante esta excelência?
LP – Sagres é o paraíso para quem procura um Algarve genuíno sempre com o mar como pano de fundo. Além dos monumentos, das belas praias e condições para a prática de uma série de desportos de natureza, Sagres também seduz pela gastronomia, onde o peixe e o marisco fresco são o principal ingrediente. O presidente da Junta de Freguesia sente uma gratidão enorme por ter nascido numa localidade com um grande património histórico e uma beleza natural espetacular, mas ao mesmo tempo sente alguma tristeza pelo abandono a que Sagres tem sido sujeito por parte de quem nos governa, nomeadamente por parte do governo. Uma localidade das mais visitadas do país não tem a atenção que merece ter, estou a referir-me por exemplo, à sua entrada, já referida anteriormente, ao desordenamento junto ao Cabo de S. Vicente, dos locais mais visitados do país, durante o ano inteiro o famoso pôr do sol atrai milhares de visitantes e a envolvente à fortaleza, onde se vê candeeiros partidos que transmitem uma imagem de terceiro mundo à entrada do monumento mais visitado do Algarve, Marca de Património Europeu e Lugar Internacional de Cultura e Paz.
CL – Sagres cresceu imenso, não obstante a lacuna das acessibilidades. A hotelaria e a restauração, a vida nocturna e a animação, eventos desportivos com projecção nacional e mundial. Embora tenha um Centro de Saúde, nunca aspirou que algum grupo privado apostasse numa unidade de saúde que respondesse ao notório crescimento?
LP – Claro que via com bons olhos a aposta de um privado numa unidade de saúde em Sagres, mas enquanto não surge essa oportunidade, defendo que o Centro de Saúde tenha um médico e um enfermeiro diariamente, agora só tem três vezes por semana, e que durante todo o ano tenha consultas para os turistas, pois Sagres tem turistas o ano inteiro.
CL - O Associativismo também é um bastião da Vila de Sagres. A Santa Casa da Misericórdia devidamente gerida, o histórico CR Infante de Sagres com novas instalações, atletas de referência nacional e mundial como Schenker (Bodyboard), Teresa (Caça Submarina), entre outros exemplos. Qual o retrato que faz do associativismo e que apoios e protocolos estão estabelecidos?
LP – A Junta de Freguesia de Sagres, apoia dentro das suas possibilidades o associativismo, nomeadamente o Clube Recreativo Infante de Sagres, que movimenta mais de uma centena de atletas nas modalidades de karaté e Futebol, as restantes associações apoiamos pontualmente quando realizam algum evento. Em relação à Santa Casa da Misericórdia estabelecemos um protocolo no sentido de oferecer à população residente fisioterapia gratuitamente.
CL – Que projectos ou obras relevantes estão em carteira, particularmente na habitação social para fixar e aumentar a população?
LP - Desconheço que esteja equacionado algum investimento em habitação social na freguesia de Sagres. Sagres está a necessitar de habitação social, basta contabilizarmos a quantidade de apoios financeiros que a Câmara Municipal de Vila do Bispo dá no sentido de comparticipar no pagamento das rendas da casa. Mas Sagres não está apenas a necessitar de habitação social, Sagres está a necessitar de habitações disponíveis para o mercado do arrendamento. Muitos proprietários preferiram o alojamento local em detrimento do arrendamento, em Sagres existem mais de três centenas de alojamentos locais licenciados, esta situação está a originar um problema que está a acentuar-se em Sagres e um pouco por todo o Algarve. Como todos sabemos, o sector do turismo aumentou nos últimos anos, em Sagres o turismo é o principal motor da sua economia, surgiram novos empreendimentos turísticos, novos estabelecimentos de restauração, novas empresas ligadas ao turismo de natureza, todos eles precisam de mão de obra que escasseia no concelho, como tal é necessário que venham trabalhadores de fora que precisam de alojamento que praticamente não existe em Sagres e o que existe custa quase o ordenado. Se este problema não for resolvido rapidamente em Sagres e talvez no Algarve, corremos o risco das empresas fecharem por falta de trabalhadores. Depois temos turistas e não temos pessoas para os servir. A escassez de oferta de habitação para arrendamento não deve ser só associada ao alojamento local, já havia problemas antes dele surgir. A falta de habitação é um problema que tem que ser resolvido pelo Estado. O Estado não pode querer passar para os proprietários uma responsabilidade que é sua. Em minha opinião, o Estado e as autarquias deviam criar incentivos aos empresários, através de benefícios fiscais, diminuição das taxas de juros, entre outros, para enveredarem para a construção de habitações destinadas ao mercado de arrendamento. Em Portugal continua a notar-se a inexistência de uma política nacional de habitação a custos controlados. O Estado podia utilizar parte da receita fiscal do turismo, mais propriamente a gerada pelo alojamento local, para financiar esse tipo de habitação.
CL – Existem relações amistosas com a Câmara Municipal de Vila do Bispo?
LP – Temos uma relação normal entre duas instituições que têm como objectivos servir a população, apesar de termos alguns pontos de vista diferentes.
CL – Como analisa a Associação de Municípios Terras do Infante?
LP – A Associação Terras do Infante tem feito um trabalho espectacular no âmbito da prevenção, limpeza e defesa da floresta
contra incêndios. Mas penso que poderia ter desenvolvido mais projectos de interesse intermunicipal, estou a lembrar-me por exemplo da criação de uma canil e um gatil que sirva os três concelhos. Estou convencido que com a nomeação de um Secretário-geral a Associação pode vir a ter uma nova dinâmica de trabalho na defesa dos interesses dos três concelhos. Já se nota algumas diferenças, por exemplo a tomada de posição contra o encerramento das estações dos correios de Aljezur, Praia da Luz e Sagres e a realização do primeiro congresso dedicado ao MAR, onde se falou e discutiu a sua exploração, a criação de investimentos, as novas actividades ligadas ao mar e a elaboração de uma carta de compromisso sobre a necessidade de protecção e valorização do mar, como recurso inestimável.
“Sagres é o paraíso para quem procura um Algarve genuíno sempre com o mar como pano de fundo”