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Entrevista ao presidente da Junta de Freguesia da Luz, João Reis

Entrevista ao presidente da Junta de Freguesia da Luz, João Reis

"Penso que o ser Humano deve ter um papel social activo, e ser promotor e construtor desse papel social" 

Quem é João Reis?

João Fernando Rosado dos Reis, nasceu em Lagos e vive em Espiche, freguesia da Luz, tem 42 anos e foi eleito presidente da Junta de Freguesia da Luz nas Autárquicas de 2017. Percurso Académico: É licenciado em Auditoria e Revisão de Contas e Bacharel em Contabilidade e Administração. Estudou em Lagos, Portimão e Lisboa. Percurso Profissional: Trabalhou em Lagos na área da Hotelaria, na área Administrativa e na Banca, depois trabalhou em Lisboa como Assistente Administrativo de 2002 a 2006 e atualmente, é Sócio-Gerente e Contabilista Certificado (TOC) numa empresa de Contabilidade e Fiscalidade local. Trajecto Político: É o atual Presidente para o mandato de 2017 a 2021, e foi Tesoureiro do executivo, no mandato de 2009 a 2013, ambos na Junta de Freguesia da Luz. Figura emblemática do Associativismo, é presidente do Clube ABC ‘Os Espichenses’ desde 2014. Já foi presidente da Comissão de Gestão, foi ainda Tesoureiro, Secretário de Direcção e Presidente do Conselho Fiscal, na mesma associação.
Dados da Freguesia da Luz

Área geográfica: A Freguesia da Luz, situa-se no extremo sudoeste do Concelho de Lagos, Distrito de Faro. Com uma extensão de 2205 hectares, confronta a Sul com o Oceano Atlântico, a Norte com a Freguesia de Bensafrim/ Barão de São João, a Este com a Freguesia de São Gonçalo e a Oeste com a Freguesia de Budens (Concelho de Vila do Bispo). A Freguesia da Luz, teve origem no desenvolvimento do Povo de Nossa Senhora da Luz ou Senhora da Luz, depois por Praia da Luz. Desanexada da Freguesia de São Gonçalo, no princípio do século XVIII, tornou-se independente e hoje constitui um dos pólos mais importantes no desenvolvimento do Concelho de Lagos. 
Freguesia rural, com características urbanas e tendo no turismo a sua maior indústria, é composta pela Luz, sede da Freguesia, elevada à categoria de Vila em 18 de Abril de 2001, Espiche e Almádena e diversos lugares menores, sendo no entanto de salientar os Montinhos da Luz e o Ferrel. Área: 22,783 km2 Número de habitantes; Estima-se em cerca de 5.000 habitantes atualmente, tendo por base de referência os  3.550 habitantes nos censos de 2011, acrescido dos novos residentes estrangeiros não recenseados. Número de eleitores: Contabilizados cerca 2.300 eleitores, na freguesia. Executivo: Presidente: João Reis; Secretário: Márcio Alexandre Alves Regino; Tesoureiro: Luís Manuel Carrasqueiro Barros.
Assembleia de Freguesia: Presidida por Nuno Filipe Pereira Marreiros. É composta por 9 elementos do seguinte modo: 6 membros do Partido Socialista (PS), 1 membro da Lagos com Futuro, 1 membro da coligação Unidos por Lagos e 1 membro do Partido Comunista Português (PCP). 
Número de Funcionários: 8 funcionários (2 administrativos e 6 assistentes operacionais), entrada prevista de mais 5 funcionários (1 administrativo e 4 assistentes operacionais) e conta ainda com a colaboração de 2 POC - Programas Ocupacionais, através do IEFP. 
Orçamento: Orçamento previsto e aprovado para o ano de 2019, ascende a 290.608,26 euros (duzentos e noventa mil seiscentos e oito euros e vinte e seis cêntimos).

Correio de Lagos – Embora já tivesse uma experiência no executivo da Junta de Freguesia da Luz, que motivações conduziram João Reis a aceitar o desafio de candidatar-se a presidente desta autarquia? 
JR-  Bom, a minha experiência anterior foi diferente, digamos que não tão exigente! (risos!) Aceitei, porque gosto de desafios e me desafiar a mim próprio. Penso que o ser Humano deve ter um papel social ativo, e ser promotor e construtor desse papel social. Desse modo, quis dar o meu contributo para melhorar e conduzir os desígnios da freguesia… Aliei a essa vontade uma equipa que queria apostar na valorização das pessoas, das infra-estruturas e equipamentos e no turismo como denominadores comuns que deveríamos incidir e trabalhar.

CL - Eleito e tomado o pulso à realidade, como encontrou a sua Junta de Freguesia?

JR – Não posso dizer que encontrei a Junta de Freguesia em maus lençóis, pois não seria honesto! Na verdade, esta junta apresentava alguns problemas internos, aos quais tivemos de agir e procurar soluções no imediato! Financeiramente, como estávamos quase no final do ano, era natural que as disponibilidades disponíveis não fossem abundantes, mas o suficiente para fazer face aos compromissos no imediato e até final do ano civil. Depois é lógico, há a aprovação do orçamento para o ano seguinte e damos início a um novo ciclo. Foi o que aconteceu! A nível administrativo, houve necessidade de recuperar algum trabalho interno que estava pendente, o que já se encontra controlado nos dias de hoje. No que a funcionários diz respeito, havia um sentimento de que cada um circulava por seu lado, sem conceito definido de tarefas, pelo que o novo executivo reuniu com os colaboradores e após contentamento de todos estipularam-se tarefas e definiram-se estratégias de trabalho individual e em equipa, com uma resposta muito favorável até agora. O grande problema que nos defrontámos foi o facto de os recursos humanos existentes serem reduzidos para fazer face à resposta diária que esta Junta tem que dar!

"Outro dos objetivos era afirmar a LUZ como um destino turístico de eleição nacional e internacional."

CL – Quais as principais medidas encetadas para proclamar o cunho da nova liderança?

JR – As principais medidas assentavam nos seguintes pilares: Queríamos apostar no ensino dos mais jovens, com a construção de um novo Centro Escolar, onde possam ter a oportunidade de frequentar uma escola com salas mais modernas, com novas tecnologias, com espaços de estudo e de recreio, tal como acontece em todo o concelho. Acrescia a vontade em requalificar os parques infantis e os espaços polivalentes da freguesia. Pretendíamos oferecer aos mais idosos, um apoio social de proximidade, com meios de apoio domiciliário adequados às suas carências pessoais ou comunitários. Procurar respostas, de forma a minimizar aqueles que muitas vezes não têm a assistência devida a nível de acesso à saúde, a bens alimentares diários, quer por dificuldades ou motivos de doença, quer por questões financeiras. E ainda, lutar pela construção de um novo Lar na freguesia! Outro dos objetivos era afirmar a LUZ como um destino turístico de eleição nacional e internacional. Temos uma oferta turística completa com as praias, a simpatia das nossas gentes, o comércio local, os alojamentos, etc… mas é preciso desenvolver ideias e projectos que façam frente à sazonalidade e vamos procurar junto 
do comércio local propostas para conseguir a manutenção do fluxo do turismo ao longo de todo o ano. Era nossa vontade continuar a afirmar a praia da Luz como praia acessível para pessoas com dificuldades de locomoção ou com deficiência e dar continuidade à distinção que lhe foi atribuída há alguns anos, como a praia a nível nacional com melhores acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida. A acrescentar a isso, a substituição dos passadiços pedonais de acesso à praia. Ainda, manter na freguesia a assistência à saúde, onde já conseguimos conquistar serviço médico durante três dias por semana. Por outro lado, cuidar dos espaços verdes existentes, da iluminação pública e zelar pela conservação e melhoria do património da freguesia. E por fim, melhorar as estradas e arruamentos da freguesia, nas várias localidades e  nomeadamente a apostar na requalificação da vertente Quatro-Estradas / Luz de modo a ser alargada, repavimentada bem como a colocação de um passeio longitudinal em um dos lados.

CL –Estão na calha a nova escola da Luz e também a estrada entre Valverde e a Luz. São duas obras há muito reclamadas. Como recebeu estas boas notícias e qual o ponto da situação?

JR – Estes são, sem dúvida, os grandes projectos do momento para a Freguesia da Luz. Duas obras muito bem acarinhadas e que vêm permitir por um lado, a melhoria das acessibilidades à Vila da Luz essencial para as vertentes turística e residencial, quer pedonal quer da circulação automóvel ou de velocípedes, concedendo-lhe um conceito mais urbano e seguro, e por outro, confortar o ensino da freguesia, permitindo dar a oportunidade aos nossos alunos de ter um ensino de qualidade e mais moderno. Com estas duas novas ofertas prevê-se um crescimento da população residente e um consequente aumento da procura do ensino público local. Tanto um projecto como o outro já tinham alguns anos pelo que foi necessário proceder à sua revisão e atualização. No caso da escola, foi um processo mais fácil e enriquecedor, pois a reformulação permitiu dotar o novo projecto de todos os equipamentos essenciais ao seu funcionamento. Quanto à estrada M537, foi um processo mais moroso, pois colocava-se em causa a cedência das pequenas várias parcelas de terreno que teríamos de obter a concordância dos seus proprietários. Neste momento, já foi ultrapassada essa fase, o que originou um atraso previsível da obra. Atualmente, está o Município a preparar as aprovações finais e a avançar com o procedimento concursal, em ambos os casos, pelo que se prevê dar início aos trabalhos logo que este processo esteja concluído e se encontre os empreiteiros para as realizar.

CL – A Freguesia da Luz cresceu a olhos vistos. A famosa praia que acelera o turismo, a economia local e o aumento da população que se espalha por Espiche e Almádena. Porém, recentemente, veio à tona o hipotético fecho da estação dos CTT da Luz. Como encara esta malfadada situação?

JR – Realmente não sei se encaro... Não compreendo a política da Administração dos Correios! É para mim impensável que a Freguesia da Luz se veja desprovida deste serviço numa freguesia que conta em época baixa, com cerca de 5.000 pessoas a residir, e sabendo que no período de Verão possa triplicar ou mesmo ser superior a população habitacional e de um momento para o outro este serviço quer-se transferido para a cidade!! Digamos que nos encontramos numa fase adormecida da intenção dos CTT, visto que a mobilização local, em conjunto com o trabalho louvável da Associação das Terras do Infante, da Câmara Municipal de Lagos e do Executivo da Freguesia da Luz, e de todas as forças políticas bem como dos cidadãos locais, permitiu chegar a diversas entidades envolvidas direta ou indiretamente com os CTT, com o culminar na discussão e reflexão dos nossos Governantes, ponto fundamental para colocar assim o ‘travão’ ambicionado por nós face àquela que é a pretensão da Administração dos Correios. A verdade é que houve um crescimento populacional nas últimas décadas, conforme se comprova pelos dados obtidos nos últimos censos, e se prevê a sua continuidade, e quando se sabe que foi uma exigência da passagem da Luz a Vila a existência de um serviço de Correios, não se entende que com estes dados se pense de forma contrária nos dias de hoje! Temos ainda a população estrangeira, que contribuiu bastante para o aumento demográfico local e que utiliza fortemente este balcão dos CTT, na Luz, e que sairia também bastante penalizada com esta decisão.

CL – O Associativismo mantém a chama acesa com predominância do CRCD Luzense, o Clube ABC Os Espichenses e a Associação dos Amigos de Almádena com actividades diversificadas. Contudo, é a única freguesia de Lagos que não tem um campo de futebol nem a prática desta modalidade, bem como perdeu o atletismo. Qual a sua opinião sobre esta matéria?

JR – É natural que tenha acontecido... A velocidade com que o mundo gira à nossa volta e as novas alternativas permitem as mudanças das pessoas e da tomada de decisões! Penso que se perdeu o atletismo, pois era um desporto bastante dispendioso e que acarretava uma grande logística semanal e mesmo diária. Por outro lado, os meios financeiros de apoio às coletividades foram sendo cada vez mais reduzidos, e as entidades não eram auto-sustentáveis para serem capazes de suportar tais actividades. Além disso, surgiram novas modalidades desportivas como o BTT e as caminhadas ou corridas livres ou organizadas, que cada vez é mais abrangente às várias camadas etárias e muito menos dispendiosas. Quanto ao futebol, é verdade que não existe um campo de futebol, nem a prática oficial desta modalidade, no entanto, existem três polidesportivos que permitem a modalidade e os jogos, sempre que há pretensão, tal como tem vindo a ocorrer semanalmente. Já se equacionou a construção de um bom campo de futebol mas por agora será um projecto a médio prazo! Teremos de concluir as restantes obras em curso... mas é importante não esquecer, pois deverá fazer parte do nosso leque de produtos desportivos locais e para o turismo que nos procura.

CL –Ainda a caminho da metade deste mandato, não se arrepende da aposta que fez e está satisfeito com a sua equipa de trabalho?

JR - De modo algum. Este é só mais um desafio a que me propus, e será sempre um projecto enriquecedor quer pessoal, quer politicamente. A meu ver está a correr muito bem, e a equipa do executivo é fantástica. Esta é uma meta tripartida, há uma complementaridade dos três membros que compõem a autarquia e há uma grande harmonização desta equipa, que se estende ainda à colaboração cada vez mais positiva por parte de todos os nossos colaboradores, na Junta. Sou ambicioso e o sonhador até ao limite...!

CL – Tem em carteira alguns projectos e obras para valorizar a sua freguesia?

JR – Sim, claro que sim! Mas como disse na pergunta, estão em carteira... vão saltando da cartola à medida e ao sabor das nossas possibilidades e capacidades... vamos desvendando! Ainda falta algum tempo para o mandato concluir!

CL – As suas relações com a Câmara Municipal de Lagos estão a corresponder às expectativas?

JR – Certamente que sim. Tem havido um esforço evidente, por parte da Câmara, na procura de soluções e no apoio à concretização dos objetivos da Freguesia da Luz. Exemplo disso são as duas grandes obras da construção do novo centro escolar e a requalificação da estrada EM 537, acrescidas de outros compromissos, como a requalificação das antigas ruínas romanas, a melhoria dos parques infantis e dos polidesportivos da freguesia, a requalificação da avenida dos pescadores, na Luz, bem como a construção do novo parque infantil na Luz, que ocorreu em 2018. O projecto da Câmara é um projecto conjunto com as juntas de freguesia pertencentes ao concelho!

CL - Que avaliação faz da Associação de Municípios Terras do Infante?

JR - A associação foi criada para permitir acções conjuntas entre os três municípios de Aljezur, Lagos e Vila do Bispo. Veio beneficiar seguramente o planeamento e a programação deste triângulo concelhio, permitindo unir ou partilhar recursos essenciais na condução de alguns projectos a diversos níveis. Um exemplo desse trabalho conjunto, foi a questão do possível encerramento dos balcões de CTT nos três concelhos - das vilas de Aljezur, Sagres e Luz - onde se deslocaram a Lisboa para reunir com a Administração dos CTT. Tivemos também outra dinâmica criada pela associação, onde foi promovido o Congresso subordinado ao MAR, com bastante sucesso, abordando e alertando para temáticas atuais. Mais recentemente, a formação proporcionada aos Sapadores Florestais, numa parceria com o IEFP, que em muito veio beneficiar a prevenção de incêndios neste concelhos. Logo, qualquer iniciativa promovida pelas Terras do Infante só vem engrandecer e beneficiar os trabalhos desenvolvidos em qualquer dos concelhos de Aljezur, Lagos e Vila do Bispo. 

"Tem havido um esforço evidente, por parte da Câmara, na procura de soluções e no apoio ..."
 

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