Falta de vagas, problemas com matrículas e com os manuais escolares gratuitos são os principais motivos de reclamação no regresso às aulas.
A uma semana do arranque do novo ano letivo, o Portal da Queixa analisou as principais reclamações relacionadas com o regresso às aulas. Falta de vagas, problemas com matrículas e com os manuais escolares gratuitos motivaram as mais de 500 reclamações registadas pelos pais nos últimos dois meses, um crescimento na ordem dos 39%, em relação a 2022. O Ministério da Educação é o principal alvo das queixas.
Numa altura em que toda a comunidade escolar se prepara para mais um arranque do ano letivo, uma análise feita pela equipa do Portal da Queixa revela quais os problemas que marcam o setor da Educação e que se traduzem, sobretudo, na inquietação de vários pais.
Entre o mês de julho e o início de setembro, o Portal da Queixa recebeu um total de 579 reclamações dirigidas ao setor da Educação, verificando-se um aumento de 39,5% face ao período homólogo do ano passado, que registou apenas 415 queixas.
A motivar as principais reclamações dos pais/encarregados de educação estão as dificuldades na utilização do Portal das Matrículas - o site através do qual se processaram as matrículas ou renovação -, a gerar 24.3% das queixas recebidas no período em análise.
A falta de vagas, com especial enfoque no pré-escolar, é o segundo motivo mais reportado. Uma realidade grave - que espelha a indignação e desespero de vários pais que não conseguiram colocação para os filhos neste ano letivo -, retratada em 20.9% das reclamações.
As dificuldades na obtenção dos livros escolares, relacionadas com os vouchers MEGA (Manuais Escolares Gratuitos) que são disponibilizados pelo Ministério da Educação (ME), ocupam uma fatia 17% das queixas sobre o acesso, falta ou atraso dos vouchers.
A absorver 16.8% das reclamações estão (ainda) os problemas com a devolução dos manuais escolares, onde os pais contestam a regra de devolução dos manuais, a recusa ou não aceitação da devolução dos livros pela entidade competente.
Segundo aferiu a análise, a maioria das reclamações registadas, nos últimos dois meses, estão concentradas no Ministério da Educação, que foi alvo de 52.3% das queixas. Já a plataforma MEGA, foi responsável por 14.7% das ocorrências registadas.
Relativamente às marcas que comercializam os materiais escolares - que se encaixam nas categorias Hipermercados, Livrarias, Material de Escritório e Consumíveis, Tecnologia e Eletrónica de Grande Consumo, Impressão e Publicidade -, estas acolheram 33% das reclamações, entre julho e setembro. Correspondem a casos de consumidores que se queixam do atraso na entrega dos materiais escolares/manuais adquiridos na loja.
Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa e CEO da Consumers Trust, destaca: “Infelizmente, todos os anos, a marcar o regresso das aulas, constatamos na plataforma o avolumar de relatos de experiências negativas de pais e encarregados de educação, quer relacionadas com as dificuldades na utilização dos canais digitais do estado (portal das matrículas e plataforma MEGA), quer referentes ao acesso aos Vouchers e entrega dos respetivos manuais gratuitos e, na minha opinião ainda mais preocupante, os casos onde pais reportam a falta de vagas nas creches, com verdadeiros relatos de desespero e indignação. De lamentar também o aumento de 39.5% do número de reclamações, em comparação com o mesmo período homólogo de 2022, facto que revela o cenário de maior insatisfação por parte dos consumidores: alunos, pais e encarregados de educação. Antevemos ainda que, este mês, a tendência de crescimento do volume de reclamações se vá manter devido à subida de 14% do preço do material escolar, motivo que certamente vai gerar muitas queixas na plataforma.”
Recorde-se que, este ano, o preço do material escolar voltou a aumentar e um cabaz de oito artigos essenciais para os alunos custa agora mais 14% do que em 2022.
Por este motivo, Sónia Lage Lourenço, CEO do Portal da Queixa, adverte: “É sempre importante pesquisar antes de comprar, comparar marcas e produtos, procurar experiências públicas de outros consumidores, acompanhar preços e analisar bem as promoções, para assim o consumidor aproveitar realmente as oportunidades de poupança que podem surgir."