“Não temos a perceção de que as nossas ações individuais têm impactos ambientais e desvalorizamo-las, mas se pensarmos que somos muitos a fazer uma determinada coisa, então compreendemos que prejudicamos seriamente o ambiente”, afirmou Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro (CMF), durante a receção aos alunos embaixadores do projeto “Escola Azul”.
No âmbito das comemorações do “Dia da Escola Azul”, cinco crianças, provenientes do Agrupamento de Escolas D. Afonso III, E.B.1/J.I da Conceição e Escola Básica Ria Formosa e respetivos coordenadores, entregaram ao edil farense, postais alusivos à temática da preservação deste importante ecossistema, mais precisamente das pradarias e dos cavalos-marinhos (espécie protegida, que se encontra em risco de extinção). «Há cerca de dois anos foi criada uma reserva, que obrigou à implementação de uma série de restrições, tendo como resultado um aumento da população desta espécie», explicou Rogério Bacalhau, enquanto lia alguns dos postais feitos por mais de 250 alunos, provenientes dos Agrupamentos de Escolas do Concelho.
Aproveitando o momento, o autarca dialogou com as crianças e professores, procurando perceber quais os objetivos desta iniciativa. Os pequenos embaixadores deram nota da sua preocupação relativamente à construção de um ancoradouro na Ria Formosa. «Vamos ter de criar regras para a navegação nesse espaço e já estamos a preparar um Plano de Navegação, tendo em consideração que, no âmbito da transferência de competências, a gestão de alguns aspetos relacionados com a circulação de embarcações passou para a nossa responsabilidade», explicou o Presidente da CMF e prosseguiu: «Nós vamos fazer uma doca do outro lado da linha do caminho-de-ferro, para arrumar os barcos ali. No entanto», salientou, considerando este um aspeto muito importante,, «temos um conjunto de medidas de mitigação dos impactos que possam advir dessa construção». O autarca reforçou, mesmo, que esta preocupação da Câmara é uma constante e deu como exemplos a construção da nova ponte para a Praia de Faro e de um plano de construção de um passadiço (que iria até ao local onde funciona o Centro de Ciência Viva), obras que só se realizarão, após cuidadosos estudos de impacto ambiental e que terão acompanhamento permanente, para monitorizar qualquer situação a corrigir. «Só para vos dar uma ideia: no caso da Praia de Faro temos quatro empresas que se ocupam, precisamente do acompanhamento ininterrupto desta obra, para que não prejudiquemos o ecossistema», concluiu.
Todos os coordenadores deste projeto referiram a necessidade de existência de um equilíbrio na gestão do território, concordando que é nesse jogo de ponderação e cuidado, que se avançará para uma efetiva preservação dos recursos naturais e para o desenvolvimento global.
Ao longo desta semana (de 15 a 19 de maio) terão lugar diversas atividades lúdico-didáticas alusivas ao tema das pradarias marinhas/cavalos-marinhos e à defesa dos oceanos, tais como pintura, criação de cartazes, apresentação de canções, elaboração de postais, webinares (nomeadamente, sobre o que está envolvido no processo de conservação dos cavalos-marinhos) e o visionamento de filmes (no caso, um filme de João Vieira Rodrigues, com produção de Chimera Visuals, que alerta para o declínio da comunidade de cavalos-marinhos da Ria Formosa).
Recordamos que o projeto “Escola Azul” foi desenvolvido pelo Ministério do Mar e a sua Direção-Geral de Política do Mar, com o objetivo de promover a Literacia do Oceano nas comunidades escolares, fomentando, nas gerações mais jovens, um sentido de cidadania, que as torne mais responsáveis e participativas, contribuindo ativamente para a sustentabilidade dos Oceanos.
O Município é parceiro da comunidade escolar em todas as iniciativas, pugnando pela compreensão da influência do oceano em cada cidadão, ou cidadã e interagindo com os parceiros da rede Escola Azul.