Segundo título da carreira para o russo, que tem no compatriota Daniil Medvedev uma grande inspiração
Aos 21 anos, Alen Avidzba ergueu o segundo título da carreira no circuito internacional ao conquistar a 30.ª edição do Faro Open, torneio organizado pelo Centro de Ténis e Padel de Faro com os apoios da Câmara Municipal de Faro e da Federação Portuguesa de Ténis.
Um dia depois de beneficiar da desistência do primeiro cabeça de série, Mischa Zverev, quando já liderava por 6-2 e 2-0, o número 468 mundial foi autoritário do início ao fim e superou o francês Lucas Poullain (514.º), por 6-2 e 6-2, em 1h17, numa final em que desfez a consistência do adversário de forma categórica.
Efusivo durante grande parte do encontro, Alen Avidzba optou por uma celebração contida, sem levantar de braços ou gritos, quando converteu o primeiro match point — um gesto que fez lembrar aquele que o seu compatriota, Daniil Medvedev, tornou famoso com as vitórias de alto calibre que tem assinado em palcos maiores.
“Não foi por causa dele, mas a verdade é que ele é uma grande inspiração”, revelou, entre sorrisos, o tenista natural de Sóchi, que treina no Sul de França há vários anos. “Conhecemo-nos há muito tempo e treinamos juntos há três anos. É claro que ele é uma inspiração, porque joga um ténis inacreditável. Mas hoje fiz esta celebração apenas porque não quis gritar, estava feliz por dentro.”
A final deste domingo, no 30.º Faro Open, foi a primeira para Avidzba em mais de um ano e meio. E por isso foi especial: “Já há muito tempo que não jogava uma final, por isso teve um certo significado. Antes do encontro disse a mim próprio para a encarar como mais um encontro, tentei não meter demasiada pressão em cima de mim, aproveitar o momento e o tempo no court. Já o conhecia bem, tal como a muitos dos jogadores, porque cruzamo-nos em muitos torneios, por isso sabia mais ou menos o que esperar, tal como tenho a certeza que ele sabia. Foquei-me em ser intenso em todos os pontos, desde a primeira pancada, e acho que isso fez a diferença.”
Lucas Poullain, por sua vez, reconheceu o mérito do adversário: “Ele jogou um ténis incrível e eu tive poucas oportunidades porque ele foi simplesmente melhor, por isso hoje não tenho arrependimentos. É claro que não joguei o meu melhor ténis, mas mesmo assim estou muito contente com esta semana”, revelou o francês, que há dois anos conquistou, em Sintra, o primeiro título de singulares da carreira no circuito internacional.
Na cerimónia de entrega dos troféus aos finalistas de singulares, o Professor José Rosa Nunes, presidente do Centro de Ténis e Padel de Faro e diretor do Faro Open, referiu a importância de “segurar” a 30.ª edição do histórico torneio: “Não podíamos parar. Ao longo destes 30 anos enfrentámos grandes dificuldades e este ano estivemos quase a desistir, mas a Federação Portuguesa de Ténis e a Federação Internacional de Ténis disseram-nos que era importante mantermos o evento, porque há falta de torneios pelo mundo fora, e estamos orgulhosos. Ganhámos coragem, fizemos o Faro Open de acordo com todas as normas e exigências da Direção-Geral da Saúde e estamos satisfeitos por termos chegado ao fim com o objetivo cumprido. Faro manteve a tradição e estamos orgulhosos por este ser o torneio internacional em atividade há mais tempo em Portugal.”
Custódio Moreno, director regional do Instituto Português do Desporto e Juventude, também destacou a importância da prova e congratulou a organização: “O Faro Open é de uma importância máxima. O Centro de Ténis e Padel de Faro está de parabéns, porque demonstrou que é possível realizar, sem transgredir e de acordo com todas as normas de segurança, um evento desta dimensão, que tem muita qualidade e exige uma grande capacidade de organização. O IPDJ fez o seu dever, que é dar condições físicas às instalações, e o balanço é naturalmente extremamente positivo.”
Presente na cerimónia esteve também o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, que voltou a demonstrar todo o seu apoio ao Faro Open: “Podemos dividir a importância desta prova em duas componentes: a económica e do ponto de vista da modalidade. Mesmo com a questão da pandemia, que nos assola a todos, é importante que o desporto se mantenha ativo e que as pessoas possam continuar a praticar modalidades individuais. E que na formação a prática seja efetiva para os jovens. O Centro de Ténis e Padel de Faro tem conseguido fazer isso com muito sucesso, até tem agora mais alunos do que no ano passado, e tem feito um trabalho de excelência no sentido de motivar e ampliar a prática da modalidade. E em termos económicos estes 12 dias de torneio permitiram à restauração e à hotelaria de Faro ter alguma atividade. Gostava de realçar que este foi o 30.º Faro Open, o que demonstra a força com que o CTPF continua a trabalhar.”
Texto e fotografias: Gaspar Ribeiro Lança