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Libertar a Memória - Sessão 26 de Agosto - Fortaleza de Sagres

Libertar a Memória - Sessão 26 de Agosto - Fortaleza de Sagres

Sessão de 26 de Agosto - referente ao dia 23 de Agosto - Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e da Sua Abolição

O dia 23 de Agosto tem vindo a ser assinalado pela ONU desde 1998, como um marco que tem por objetivo relembrar a revolta que ocorreu na noite de 22 para 23 de Agosto, de 1791, em São Domingos, antiga colónia francesa nas Antilhas, território que corresponde atualmente ao Haiti e República Dominicana, e que marca o início do fim da escravatura e da desumanização, levando à abolição do tráfico transatlântico de escravos.

Este capítulo da história mundial deve servir de lição para “desconstruir os mecanismos retóricos e pseudocientíficos” que viabilizaram o crime da escravatura e da escravidão mas também do racismo estrutural e da continuidade do preconceito e descriminação que persistem até aos dias de hoje.

No ciclo de cinema Libertar a Memória, o curador desta sessão, Suzano Costa traz-nos este filme poderoso e crítico, justamente de um cineasta haitiano, Raoul Peck, que liga uma história desconfortável aos movimentos presentes de luta e reivindicação contínua de direitos cívicos e igualdade, dando voz aos escritos e reflexões de James Baldwin.

Mas segundo as palavras de Luís Miguel Oliveira do Jornal Público “a representação cultural precede a representação política, e as palavras combativas de Baldwin voltam insistentemente a este ponto – contar a história dos negros americanos, antes e depois do movimento pelos direitos cívicos, é contar a história de um segmento da população que, durante décadas (ou séculos), não teve direito, pelo menos a uma escala massificada, à auto-representação. Viveu com imagens criadas por outros, retratos de “criaturas que existem apenas na imaginação dos brancos” (dixit Baldwin).

O realizador Raoul Peck demonstra que os pensamentos e as causas de Baldwin [1924-1987], escritor mal conhecido e pouco traduzido na Europa, continuam a ecoar no presente. E no cinema. Num filme que recorre a muito material de arquivo mas também a imagens novas que filmou na actualidade, constata-se que essencialmente, pouco ou nada mudou A América que nunca soube pacificar a relação entre as raças, e que ainda hoje, todos estes anos depois da morte do escritor, continua dilacerada por isso.

Mas o que é que isto tem a ver connosco? Baldwin afirma que “a história não é o passado, é o presente, transportamo-la connosco, somos a nossa própria história”. Como quem diz que de nada serve olharmos para isto de fora, achar que não é nada connosco, que isto é uma questão “lá deles”. Não é.

Basta que nos lembremos de quem, quando e como começou toda esta história do tráfico de escravos transatlântico…

Vamos ver, de olhos bem abertos, onde é que isto se cruza com o nosso território, a Europa e a história comum que nos separa - dia 26 de Agosto, porque as nossas sessões são ao sábado, lá estaremos no Auditório da Fortaleza de Sagres à vossa espera.

Luísa Baptista sobre Libertar a Memória - Sessão 26 de Agosto - I am Not Your Negro, Lagos, 2023

O Cineclube de Faro traz este ano à Fortaleza de Sagres o ciclo de cinema Libertar a Memória, com coordenação artística de Luísa Baptista que decorre uma vez por mês, sempre aos sábados, pelas 17:30h durante os meses de Junho a Setembro, com entrada livre através de pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

Através de escolhas de um grupo de curadores convidados vamos abordar o tema Patrimónios (des)confortáveis do DiVaM 2023, com os contributos de Gisela Casimiro, Luca Argel, Suzano Costa e Kitty Furtado que em cada mês serão responsáveis pelo conteúdo a exibir. Temas como (des)colonização, escravatura, segregação social, lugares e identidades, formas de organização, dicotomias sociais e culturais, aqui numa pluralidade de perspectivas e visões alternadas de questões fragmentárias da sociedade, que à luz dos acontecimentos actuais, sugerem que talvez a História não esteja assim tão bem contada.

Haverá também uma curadoria literária da responsabilidade de Marta Lança e do projecto Buala - livros escolhidos para enquadrar, desafiar e abrir novos caminhos e que poderão ser adquiridos em cada sessão

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