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E... Ficou nu...

E... Ficou nu...

Artigo da revista Nova Costa de Oiro em https://www.novacostadeoiro.com/

... O imprevisto aconteceu... quando ao querer vestir o seu fatinho este não apareceu e...

Órfão de mãe, encontrava-se internado num colégio, em Lisboa, mas chegadas as férias grandes abalou para uma cidade à beira-mar plantada, onde seu pai, sargento da Guarda Nacional Republicana, comandava o agrupamento militar nessa cidade.

Um dia, conheceu o filho de um praça desse quartel, que o convidou para ir com ele até à Meia-Praia dar um mergulho, tomar uma banhoca.

Falou ao pai do assunto, este concordou e lá abalaram os dois, o filho do sargento e o filho do praça, ficando este muito admirado quando o viu vestido com umas calças compridas e casaco e, no pulso, um relógio. Mas, não fez qualquer comentário.

Chegados a meio caminho encontraram um amigo do filho do praça, empregado numa tipografia da cidade, e que se juntou ao grupo, seguindo os três em direcção à Meia-Praia, uma praia isenta de rochas, mas repleta de dunas e um areal extenso a perder de vista.

Chegados aos destino, despiram-se, um o seu fatinho e os outros as suas simples camisolas. Brincaram, brincaram e, por fim, resolveram fazer uma caminhada até ao forte que ficava bem longe do local onde se encontravam.

Por esse motivo, resolveram esconder as suas roupas, enterrando-as na duna e abalando de seguida para o forte. Às tantas, acharam que eram horas de regressar a casa para almoçar e retrocederam a caminho da duna.

Mas, como o forte ficava a 2 quilómetros de distância do local onde as suas roupas estavam escondidas, levaram imenso tempo a lá chegarem.

Estavam ofegantes, mas imediatamente começaram a escavar a areia a procurarem as suas roupas para se despacharem e foi nesse momento que o imprevisto aconteceu e... ...é que remexiam, remexiam e as roupas não apareciam, sobretudo o fato, calças e casaco, bem assim como o relógio de pulso do filho do sargento.

Apareceram, sim, as camisolas e uma fotografia que o rapaz disse que trazia na carteira.

Desorientados, pois já era tarde e o rapaz estava nu para ir para a cidade, o filho do praça abalou direitinho a sua casa buscar umas calças e uma camisa suas, para o rapaz vestir.

Encontrou no caminho seu pai, bastante preocupado com a demora deles e a quem contou o que tinha acontecido. Este voltou para o posto, contando ao sargento o ocorrido, que imediatamente enviou uma patrulha para a Meia-Praia, mas que de nada serviu, pois não encontrou ninguém, nem na praia, nem nos arredores.

Ladrão ou ladrões, nem vê-los. O rapaz foi para o quartel, para junto do pai, o amigo que lhe emprestou calças e camisa regressou a sua casa e o acontecimento ficou assim, nada mais foi divulgado ou falado.

Teria o sargento comprado nova fatiota para o seu filho levar para Lisboa? Não sei... Mas calças e camisa não foram devolvidos ao seu dono.

Autor: José Francisco Rosa, nascido em Lagos, a 21 de Fevereiro de 1924 e que completou os seus estudos em Lisboa, tendo ingressado no ensino aos 20 anos, como Mestre do Ensino Técnico Profissional.

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