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Algarvio Daniel Matos vence prémio “DROP” de Melhor Espetáculo no Festival PUF

Algarvio Daniel Matos vence prémio “DROP” de Melhor Espetáculo no Festival PUF

O coreógrafo e performer português Daniel Matos (Lagos, 1996) foi distinguido com o prémio “DROP” de Melhor Performance na 31.ª edição do PUF – Festival Internacional de Teatro, que decorreu em Pula, na Croácia. A sua mais recente criação, A Pedra, a Mágoa (The Stone. The Sorrow), apresentada no dia 2 de julho de 2025, foi reconhecida pelo júri do festival como uma obra de “profunda integridade artística, poder expressivo e coragem criativa”, destacando-se entre uma programação internacional de referência.

Apresentado em estreia internacional no 31º Festival PUF e anteriormente integrado na programação da Plataforma Portuguesa de Artes Performativas (Montemor-o-Novo), “A Pedra, a Mágoa” parte da observação de pedreiras abandonadas em território nacional, propondo um paralelismo entre a erosão das paisagens e a desagregação da estrutura familiar. Posicionando-se na fronteira entre o público e o privado, a obra conduz o espectador a um espaço mitológico de acolhimento e disrupção, onde se fundem a ternura bucólica e a sensualidade do profano.

“Esta é uma peça que funde precisão artística com intimidade crua, abrindo espaço para uma reflexão profunda”, refere o júri.
“Utilizando o corpo como testemunho e ferramenta retórica que ressoa com mais força do que palavras, Daniel Matos intensifica o impacto emocional de experiências humanas universais através do seu minimalismo estético.”

Na sua fundamentação, o júri realça ainda a qualidade visual da obra, referindo que A Pedra, a Mágoa “evoca uma imagem pseudo-pastoral de forte poder simbólico, que permanece na memória”. E conclui:

“Pela sua integridade artística, poder expressivo, clareza emocional e criatividade corajosa, o prémio ‘DROP’ da 31.ª edição do Festival PUF é entregue a “The Stone. The Sorrow”, de Daniel Matos — como uma lufada de ar fresco, necessária e implacável, no teatro e na dança contemporânea, fazendo desta obra um caso exemplar da renovação das artes performativas contemporâneas.”

Através deste reconhecimento, Daniel Matos junta-se a uma lista de artistas premiados no PUF que inclui nomes como o italiano Alessandro Sciarroni, vencedor do prémio “Best Show” em 2013 e posteriormente distinguido com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, consolidando a reputação do festival como espaço de consagração e descoberta de artistas inovadores.

A obra conta com a colaboração de três performers — Lia Vohlgemuth, Elia Pangaro e Joana Simões — cuja interpretação corporaliza o coração da peça, apoiada numa banda sonora original inspirada em Debussy, assinada por João Galante aka Coolgate. A colaboração artística e imagem da peça é da responsabilidade de João Catarino, e o desenho de luz e direção técnica ficam a cargo de Manuel Abrantes e Ana Carocinho. “A Pedra, a Mágoa” é uma produção da CAMA associação cultural, destacando ainda o trabalho das produtoras Joana Flor Duarte e Diana Martins.

Com esta distinção, Daniel Matos afirma-se como uma voz singular e urgente da nova criação contemporânea europeia, afirmando um percurso autoral no cruzamento entre dança, teatro e performance, onde o corpo, o silêncio e a memória são matéria de composição e confronto com o sensível.

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