(Z1) 2020 - CM de Vila do Bispo - Um concelho a descobrir

Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas

Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas

“Nós vamos ter de nos mentalizar que esta luta, além de ser de todos, vai ser muito, muito longa”, avisou a delegada sindical Luísa Magalhães. E no dia 25 de Janeiro, como apurou o nosso Jornal, haverá uma marcha em Lagos, com partida junto à Igreja de Santa Maria e início pelas 17.30 horas.

Ao som de apitos e mais de duas dezenas de tambores, entre outros instrumentos musicais, numa orquestra bem ensaiada e melhor orientada, com marchas e danças, e que até se chegou a assemelhar a um ambiente carnavalesco, professores, encarregados de educação, alunos, assistentes técnicos especializados e assistentes operacionais, num total superior a trezentas pessoas, participaram, ruidosamente, na quarta-feira, dia 18 de Janeiro de 2023, pouco após as 18.00 horas e até depois das 20.00 horas, junto à entrada principal do edifício dos Paços do Concelho Século XXI, na zona de São João, em Lagos, em nova manifestação contra o Governo de António Costa.

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Representantes de escolas de Lagos, Vila do Bispo, Aljezur, Monchique e Portimão, em que não faltou o professor João Vasconcelos, antigo deputado na Assembleia da República e carismática figura pública no Algarve

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Nesta iniciativa promovida pelo Sindicato de Todos Os Professores (S.T.O.P.) estiveram presentes, em maioria, elementos dos Agrupamentos de Escolas Júlio Dantas e Gil Eanes, de Lagos, a que se juntaram representantes, nomeadamente, da Escola Poeta António Aleixo, de Portimão, de Aljezur, Monchique e do Agrupamento de Escolas de Vila do Bispo.

O Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, de Lagos, inclui a Escola Secundária Júlio Dantas, a Escola Básica Tecnopólis, a Escola Básica do 1º. Ciclo, com Jardim de Infância, de Santa Maria, a Escola Básica do 1º. Ciclo nº.1 (Bairro Operário) e a Escola Básica do 1º. Ciclo, com Jardim de Infância, Centro Escolar da Luz.

Por seu turno, o Agrupamento de Escolas Gil Eanes, de Lagos, integra a Escola Gil Eanes (3º. Ciclo e Ensino Secundário), a Escola Básica das Naus, junto à marina (2º. e 3º. Ciclos), a Escola Básica de Bensafrim (1º. Ciclo), a Escola Básica do Chinicato (1º. Ciclo), a Escola Básica de Odiáxere (1º. Ciclo), a Escola Básica da Ameijeira (Pré-Escolar e 1º. Ciclo), em Lagos, e a Escola Básica de Sophia de Mello Breyner Andresen (Pré-Escolar e 1º. Ciclo), nesta cidade.

Entre os professores mais conhecidos, estava uma figura já carismática nestas andanças - e a tocar tambor - João Vasconcelos (ex-deputado do Algarve na Assembleia da República, que foi vereador da Câmara Municipal de Portimão, pelo Bloco de Esquerda, e que continua, também, a sua luta nas estradas contra as portagens na A22/Via do Infante). E não faltaram, igualmente, Alexandre Nunes, docente em Lagos e vereador da Coligação Democrática Unitária (CDU) no executivo camarário local, além de Paula Freitas, professora e vereadora da Câmara Municipal de Vila do Bispo, em representação de uma coligação liderada pelo PSD.

Entre outros aspetos, recorde-se, estão em causa as alterações ao modelo dos concursos de colocação de professores no país, a melhoria das condições da carreira, nomeadamente no tocante aos salários, as dificuldades na mudança de escalão e o congelamento do tempo de serviço.

Nalguns dos cartazes maiores e mais vistosos, nas mãos dos participantes nesta manifestação, podia ler-se:

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«QUANDO A CAMINHADA É DIFÍCIL

SÓ OS MAIS FORTES RESISTEM»

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«PROFESSORES EM LUTA

POR NÓS, PELOS ALUNOS, PELA ESCOLA PÚBLICA»

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«POR UMA EDUCAÇÃO QUE

NOS ENSINE A PENSAR

E NÃO SÓ A OBEDECER»

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«O PESSOAL NÃO DOCENTE

TAMBÉM ESTÁ DESCONTENTE»

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«Professores em união para

Defender a educação»

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«Habituem-se

à miséria»

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“It’s

Now

or Never»

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(É agora ou nunca)

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«Não nos calarão

porque temos razão»

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«PROFESSOR

NÃO É FORMIGA

NO CARRIL»

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(com desenhos de pequenas formigas)

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«FIM ÀS COTAS»

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«Costa escuta

Os Professores

Estão em Luta»

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«Lutamos pelo

nosso país»

«Professores contratados

desde 2004

2022 - 1º. Contrato anual e horário completo»

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«Acesso

Direito aos

Escalões»

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«H2O

sabes o que é?

De nada»

«Professores

Salários

Carreira

Colocação CLARA»

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«Professores em união

Para Defesa da Educação»

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Velas acesas no chão em sinal de luto dos professores

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Pouco depois das 18.30 horas, foram colocadas, no chão, acesas, duas velas grandes e onze pequenas, dentro dispositivos apropriados, junto a um cartaz preto, com a frase:

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«PROFESSORES

DE LUTO

EM LUTA»

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E outros a exigir, designadamente, «Respeito, Respeito, Respeito» e «Pelos professores / Em Defesa da Escola Pública».

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Condutores de carros buzinaram como forma de apoio

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Os automobilistas que passavam na rotunda, junto ao novo edifício da Câmara Municipal de Lagos, iam buzinando as suas viaturas, em sinal de solidariedade, a exemplo do que sucedeu noutras manifestações dos professores.

“Venceremos! Venceremos! Venceremos!” - gritaram, a certa altura, em coro, os participantes nesta manifestação.

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Chuviscos ainda ameaçaram, mas o ‘São Pedro’ acabou por dar tréguas, também em solidariedade para com os manifestantes

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Já pelas 19h02m, o ‘São Pedro’, conhecido por ‘santo das chuvas’, decidiu ‘fazer a sua aparição’ nesta manifestação em Lagos, com alguns chuviscos, que obrigaram a abrir vários chapéus de chuva. Mas, nem mesmo esse percalço e o frio que, entretanto, se fazia sentir (pouco mais de 10º) conseguiram demover os professores, alunos, encarregados de educação, técnicos e assistentes operacionais das escolas. “Não paramos! Não paramos! Não paramos” - gritaram os manifestantes, em coro. Pouco depois, ‘São Pedro’ resolveu dar tréguas, ‘associando-se’, assim, à luta dos profissionais dos estabelecimentos de ensino, e, como tal, terminaram os (poucos) chuviscos.

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Luísa Magalhães, dirigente sindical: “A luta vai continuar e nós não vamos parar. Vai continuar, amanhã, para a semana e o tempo que for preciso até que o Ministério [da Educação] perceba que não estamos aqui a brincar; que os professores e os colegas não docentes têm perfeita consciência do que é que se está a passar.”

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Depois de ter referido, a um microfone, que começaram, nesta quarta-feira, dia 18 de Janeiro de 2023, “outra vez negociações entre vários sindicatos, em mesa única e com ponto de trabalho, que sabemos que não são suficientes”, Luísa Magalhães, delegada sindical do STOP e professora de Artes na Escola Júlio Dantas, em Lagos, garantiu: “E por isso, a luta vai continuar e nós não vamos parar. Vai continuar, amanhã, para a semana e o tempo que for preciso até que o Ministério [da Educação] perceba que não estamos aqui a brincar; que os professores e os colegas não docentes têm perfeita consciência do que é que se está a passar.”

“Desde 2008 - prosseguiu - que sabendo que havia uma crise financeira global, os colegas [direitos - n.d.r.] ficaram congelados a favor da escola pública e assim ficaram congelados a favor do Estado democrático. A partir daí foi um descalabro no nos tirarem direitos, quer ao pessoal docente, quer ao pessoal não docente. Veio, depois, uma pandemia [da Covid-19] e os professores continuaram a reinventar-se com o que não havia nas escolas e em suas casas.” Ouviram-se aplausos, apitos e tambores.

E continuou a delegada sindical: “a coisa que mais houve numa escola é esta depressão. Fazer omeletes sem ovos (...) Não temos salários dignos que nos permitam ter vida para além da escola. Não temos direitos quer sobre a nossa carreira, quer os recursos necessários para incluir, de facto, toda a gente e todos os alunos. E sabemos, já, que não há professores. Isto não é de agora (...) Se não há tanta falta de professores, foi porque mexeram a nossa carreira ao ponto de sermos os chamados idosos a dar aulas. Idosos, estes, que já deviam estar reformados sem a tripla penalização dos congelamentos da carreira.” E, de novo, ouviram-se tambores e apitos.

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(…) dizem que não vão municipalizar a escola, mas ela já está municipalizada”

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A certa altura, Luísa Magalhães lembrou que, no dia 14 de Dezembro [de 2022], “o Governo disse-nos que não está (…) para negociações. Porque dizem que não vão municipalizar a escola, mas ela já está municipalizada de duas maneiras: a primeira é o pessoal não docente, que há vários anos [está] na precariedade de cada câmara municipal; e a segunda é agora com este decreto que diz que todos os recursos humanos de uma escola podem estar segundo a ala de um município.” Acrescentou, ainda, que “também, agora, desde hoje [ontem], sabemos que o Conselho de Directores é uma realidade.”

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“Esta forma linguística de darem a volta não nos engana. Sabemos, desde 2008, como é que isto funciona”

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“Portanto, esta forma linguística de darem a volta não nos engana. Sabemos, desde 2008, como é que isto funciona”, alertou Luísa Magalhães, adiantando: “Saímos todos à rua, estamos motivados. E, então, o que é que eles [no Ministério da Educação] fazem? Lançam umas propostas, como alguns contratados passam não pela norma traval, mas por 1.095 dias, para nos porem todos uns contra os outros. E temos de saber, que, como em 2008, não podemos desmobilizar e temos de pedir aos sindicatos, todos, para fazer pressão e para se manterem coerentes na luta que é de nós todos.” Mais uma vez, fizeram-se ouvir tambores e apitos dos manifestantes.

Antes de concluir a sua intervenção, esta delegada sindical do STOP deixou um aviso: “Nós vamos ter de nos mentalizar que esta luta, além de ser de todos, vai ser muito, muito longa”.

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Assistente operacional acusa “o nosso sistema de avaliação através do SIADAP” (Serviços da Administração Pública), de ser “a maior fantochada das coisas, porque também temos cotas”

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Em seguida, falou uma assistente operacional, Cândida Sancho: “Há 26 anos que trabalho na escola. Antigamente, pelo sistema de avaliação nós subíamos de quatro em quatro anos um nível, o que nos permitia chegar à reforma com um salário digno. E, agora, há 26 anos que estou no mesmo índice, praticamente. Ou seja, quem entra agora recebe precisamente o mesmo que eu que trabalho na escola há 26 anos.” Ouviram-se mais apitos e toques de tambores.

Por outro lado, lamentou a forma como é feito “o nosso sistema de avaliação” [dos assistentes operacionais], “através do SIADAP” (Serviços da Administração Pública), que “é a maior fantochada das coisas, porque também temos cotas.” Ou seja, esclareceu, “numa escola onde trabalham trinta funcionários, possivelmente cinco podem ter [classificações] que nos dá a atribuição de quatro pontos. Todos os outros recebem dois pontos de dois em dois anos.”

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“Eu para receber mais 52 euros, que é a subida de um escalão, tenho de levar dez anos”

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E exemplificou: Por exemplo, “eu para receber mais 52 euros, que é a subida de um escalão, tenho de levar dez anos.” Os manifestantes fizeram-se ouvir, novamente, ao som de tambores e apitos. E acrescentou: “Nesta avaliação que é feita, a escola até pode ter boa vontade de nos dar a todos um «trabalho relevante» [como classificação], mas, depois [tal] chega à câmara municipal e por causa das cotas, voltamos todos para trás. E isso vai implicar o quê? Vai implicar que vai haver, até inconscientemente, uma rivalidade de funcionários dentro da própria escola. Ou seja, faz falta fazer mais isto, faz falta dar mais uma hora. Então, que faça a pessoa que teve (…) [a melhor boa avaliação no seu desempenho - n.d.r.].

Antes de finalizar o seu discurso, aquela assistente operacional ao relembrar que “o SIADAP é a avaliação de todos os funcionários públicos”, mandou um recado: “logo deveriam estar aqui, também, os funcionários da Câmara Municipal, por exemplo, em maioria. Porque (…) seria benéfico para eles próprios. Não se afastem tanto.” Mais apitos e toques de tambores fizeram-se ouvir.

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“Apelo a que não nos desunamos e que continuemos esta luta até que eles [governantes] cedam” - foi a mensagem de um professor de Portimão à beira da reforma

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Em cena, entrou, também, um professor de Portimão, há 42 anos, dizendo: “Estou quase na reforma. Tenho vergonha, mas sou dos privilegiados que chegou ao décimo escalão, o que muitos dos meus colegas não chegarão, que é uma coisa terrível para mim. Se estou aqui, numa altura em já quero é sopas e descanso, é porque estou a lutar por todos nós e pelos que vierem”. E aproveitou para deixar uma mensagem: “Apelo a que não nos desunamos e que continuemos esta luta até que eles [governantes] cedam. A minha força que seja também a vossa força. Não desistam porque não podemos desistir.”

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A confissão de uma professora: (…) ir para a cama a pensar na tristeza daquele aluno que, de repente, tem de viver não só com a mãe, mas com a família toda, porque ficaram sem trabalhar. Isto também mexe connosco. A vida dos outros mexe com o professor e com o assistente operacional. E com os técnicos.”

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Uma professora, que também aceitou tomar a palavra, afirmou: “Toda a gente que trabalha numa escola, somos todos colegas. Se há vida mais bonita é ser professor, no meu caso, e trabalhar numa escola junto de pessoas, com pessoas, com afectos, que é uma das coisas mais importantes que levamos da vida. É o afecto que nos rodeia e aquilo que podemos transmitir aos outros.”

Depois de se confessar “muito emocional”, prometeu “não chorar.” E continuou a sua intervenção: “Há uma coisa que também gostaria de dizer: o que é que se está a ver? Há muitos anos, quando eu comecei a minha carreira, em 1993, o facto é que eu entrava numa sala de professores a nível do país (corri de Viana do Castelo até Portimão), encontrei muita gente, como todos nós encontrámos muitas pessoas, muitos afectos, muitos abraços. É isso que devemos transmitir a esta porcaria deste Governo que não entende que isto [o ensino] é feito de pessoas, de pessoas que trabalham, que se esforçam, que olham pelos outros. E [eles] esquecem-se de que também temos família, e temos doenças; e tomamos comprimidos; vamos na mesma para a escola, arrasados; e temos de fazer as avaliações; e temos de olhar para o colega [dizendo]: olha, desculpa lá, não está bem feito, a (…) está cansada e temos de nos ajudar.”

“Os colegas estão cansados”, reconheceu a docente. “Parece que a sociedade está doente, mas os doentes não estão.” E recordou: “Estiveram dois anos [durante a pandemia - n.d.r.] a trabalhar, a falar com todo o tipo de alunos com dificuldades, a tomar consciência de todas as realidades de várias casas, que não eram poucas, ir para a cama a pensar na tristeza daquele aluno que, de repente, tem de viver não só com a mãe, mas com a família toda, porque ficaram sem trabalhar. Isto também mexe connosco. A vida dos outros mexe com o professor e com o assistente operacional. E com os técnicos.”

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“Esquecem-se de que os professores também são verdadeiros e têm moral. E que se lembram das famílias com dificuldades e não andam para aí a dizer «eu ajudei a família X». Não, porque ninguém precisa de saber.”

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Sem interrupções, a professora contou, ainda: “Hoje, em dia, temos psicólogos na minha escola (…), temos assistentes sociais (coitadinhos, temos de arranjar comidinha para dar às famílias carenciadas). E os colegas, que eu sei (isto é tudo anónimo), quantos colegas na ponta de uma pandemia [andaram] a entregar comida em casa [dos necessitados]? Esquecem-se de que os professores também são verdadeiros e têm moral. E que se lembram das famílias com dificuldades e não andam para aí a dizer «eu ajudei a família x». Não, porque ninguém precisa de saber.”

“Agora, uma coisa é certa: Há muitos anos que não via esta alegria dos professores. Há muitos anos que eu não via muitos colegas, que já não via há muitos anos. Há muitos anos que não estávamos como pessoas e o olhar é o mesmo. Estamos todos juntos, não podemos desistir. Podemos continuar juntos!” - vincou a docente, ao som de apitos e tambores, mais uma vez, apesar do frio.

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“É mentira quando o Governo diz que reforçou [os terapeutas da fala nas escolas]! É mentira! Não existe terapeuta da fala em Vila do Bispo” - denuncia uma professora

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Sónia Santos, outra professora interveniente, que esteve em Lagos na primeira semana de greve, junto à Câmara Municipal, e que “nos pôs a todos em grandes conversações, não só entre agrupamentos [de escolas], mas entre cidades”, como foi apresentada pela delegada sindical nesta manifestação, lembrou: “Quando o meu filhinho mais velho tinha um ano, eu fui para Monte Gordo [localidade do concelho de Vila Real de Santo António]. Sorte a minha, ainda não existiam as portagens na A22 [Via do Infante]. Não sei como aguentei. Não sei. Mas estou aqui (risos) e hoje faço parte do Grupo da [escola] Júlio [Dantas], da parte do Grupo da Gil [Eanes], [em Lagos], da Poeta António Aleixo [Portimão] e agora da Vila do Bispo, também (…), onde fiquei colocada.”

Após ter referido que “todos nós já conhecemos as razões desta luta”, observou: “os meus filhos conhecem bem, coitados, têm levado a ‘missa’ toda lá em casa. E por experiência, eles conhecem (...) dilemas na vida e dão valor aos professores, dão valor aos assistentes operacionais, aos psicólogos, aos assistentes (porque o mais pequenino já precisou de psicólogos da NECI [Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso, com sede na Luz, no concelho de Lagos]), terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, que não existem nos agrupamentos.”

“É mentira quando o Governo diz que reforçou [os terapeutas da fala]! É mentira! Não existe terapeuta da fala em Vila do Bispo”, denunciou aquela docente, apelando: “Portanto, olhos bem abertos, ouvidos atentos, não cedamos e não podemos desistir desta vez”.

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Devido à greve, “os pais têm de ficar em casa com os filhos. Temos de lidar com isso. É difícil. (…) Mas isto é uma luta para o futuro”

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Quem também usou da palavra nesta manifestação foi Meline, uma mãe: “Os pais também querem o melhor para os seus filhos. Querem uma melhor educação. (…) Como é que podemos ter uma melhor educação se os professores não estão satisfeitos, não são valorizados, não são respeitados, não estão motivados para fazer mais e melhor pelos nossos filhos? Se os próprios assistentes operacionais vão, também, desmotivados para a escola, porque se sentem desrespeitados, desvalorizados. Portanto, queremos juntar-nos à luta, queremos estar todos juntos nisto, porque isto o futuro”, frisou a senhora.

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Por outro lado, lembrou que, devido à greve dos professores e dos assistentes operacionais, “os pais têm de ficar em casa com os filhos”. “Temos de lidar com isso. É difícil. Para uns, mais difícil do que para outros”, reconheceu, notando que há quem “tenha família para deixar os filhos”. “Mas isto é uma luta para o futuro, não é para o curto prazo, é para o longo prazo”, reforçou, entre aplausos e ao som de tambores e apitos. E enquanto segurava e puxava um dos seus filhos, perguntou: “porque os alunos também estão do nosso lado, não estão?”. “Siiiim!”, ouviu-se na assistência.

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A revelação de uma professora em Portimão: (…) estou de baixa por ‘burnot’ [perturbação psíquica por esgotamento profissional - n.d.r.]. Levei um mês e meio para ser substituída por um colega que nunca deu aulas e que está sempre em ‘timing’ sobre o que é que a Junta Médica vai dizer porque não tem dinheiro para pagar esse mês de [renda] de casa”

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Depois, foi a vez de uma docente da área das Artes, na Escola Poeta António Aleixo, em Portimão, pegar no microfone: “No meu grupo somos quinze e eu sou a penúltima mais nova”, começou por anunciar, entre risos do público. “Tenho a dizer-vos que ainda não fiz greve um único dia. E não porque não queira, mas porque estou de baixa por ‘burnot’ [perturbação psicológica por esgotamento profissional - n.d.r]. Levei um mês e meio para ser substituída por um colega que nunca deu aulas e que está sempre em ‘timing’ sobre o que é que a Junta Médica vai dizer porque não tem dinheiro para pagar esse mês de [renda] de casa”, contou, emocionada, a professora, entre aplausos e, de novo, ao som de tambores e apitos dos manifestantes.

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Entrevista a um Estudante em Lagos

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António Camilo, aluno do 11º. ano da Escola Secundária Júlio Dantas, em Lagos, no Curso Auxiliar de Saúde. Ao nível do estabelecimento de ensino representa o Movimento ‘Nós, os Estudantes’, em Lagos e em Vila do Bispo. Tem 17 anos.

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“Muitas vezes, quem vive longe não tem autocarro logo a seguir para voltar a casa. Ou temos uma aula às 08.00 horas e depois só às 16.00 horas, o que nos implica ficar na escola durante todo o dia mesmo sem ter aulas”

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Correio de Lagos - Quais as consequências que vão ter para os alunos estas greves de muitos professores por tempo indeterminado?

António Camilo - Assim, a curto prazo é que nós não temos aulas. Muitas vezes, quem vive longe não tem autocarro logo a seguir para voltar a casa. Ou temos uma aula às 08.00 horas e depois só às 16.00 horas, o que nos implica ficar na escola durante todo o dia mesmo sem ter aulas. A longo prazo, serão as médias a diminuir e com isto dos exames vão ser cada vez mais menos licenciados.

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“Sem eles [professores e auxiliares], nós [alunos] também não somos nada”

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Correio de Lagos - Como se sentem os alunos?

António Camilo - Nós, os alunos também estamos a ficar infelizes. Não são só os professores, nem os auxiliares. Porque sem eles, nós também não somos nada.

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Correios de Lagos - E os estudantes que vêm de outros concelhos, como gerem esta situação?

António Camilo - Sou do concelho de Lagos, vivo em Odiáxere e tenho autocarro de meia em meia-hora. Tenho colegas do Rogil [concelho de Aljezur] e eles levam uma hora e meia a chegar à escola. Isto, porque o autocarro não vai só ao Rogil. Eu tenho colegas de Odeceixe [localidade também situada no concelho de Aljezur - n.d.r.], de Sagres [do concelho de Vila do Bispo] e até de Portimão, porque vêm para cá (em Lagos) por não haver o curso [auxiliar de saúde] lá. É complicado.

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Correio de Lagos - Muitos saem de manhã de casa e voltam tarde. Ou mesmo já de noite?

António Camilo - Sim. Por exemplo, tenho colegas de Odeceixe, ou do Rogil, que chegam às 08.00 horas à escola, em Lagos. Têm uma aula às 08.00 horas e depois só têm autocarro ao meio-dia, 13.00 horas, se houver. Ou mais tarde.

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“Haverá consequências para o Governo, porque as uniões dos sindicatos vão levar esta luta a algum lado”

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Correio de Lagos - Acha que os professores vão conseguir vencer esta luta? Acredita que haverá mesmo consequências ao nível do Governo?

António Camilo - Se ao contrário de 2008, a comunidade escolar não ceder, sim. Haverá consequências para o Governo, porque as uniões dos sindicatos vão levar esta luta a algum lado.

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“Seria muito melhor para nós termos uma professora que vivesse perto de nós e que tivesse tempo para nos dedicar, do que professores vindos de longe, que têm de estar preocupados com a família”

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Correio de Lagos - Como sente os professores? Estão desmotivados?

António Camilo - Muito. Acho que seria muito melhor para nós termos uma professora que vivesse perto de nós e que tivesse tempo para nos dedicar, do que professores vindos de longe, que têm de estar preocupados com a família. De maneira alguma estou a culpar os professores, antes pelo contrário.

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Marcha no dia 25 de Janeiro, a partir das 17h.30m, em Lagos, desde a Igreja de Santa Maria, com passagem pela Avenida dos Descobrimentos, até ao novo edifício camarário

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Entretanto, segundo apurou o nosso Jornal, está prevista uma nova manifestação de professores e outros profissionais das escolas, em Lagos, na próxima quarta-feira, dia 25 de Janeiro de 2023, a partir das 17h30m, desde a Igreja de Santa Maria, na Praça do Infante Dom Henrique, e com marcha pela Avenida dos Descobrimentos e outras artérias da cidade, até junto do edifício dos Paços do Concelho Século XXI.

Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1Mais de trezentos participantes em manifestação ruidosa de professores, alunos, encarregados de educação, auxiliares de escolas e técnicos, contra o governo, à porta da Câmara Municipal de Lagos, durante cerca de duas horas e com o apoio de automobilistas - 1
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