Ausência do Grupo das Portelas surpreendeu o público, que também esperava a presença de mais corais. Autarca Carlos Saúde ofereceu uma caixa com bolo rei e uma garrafa de vinho a cada grupo e crianças tiveram direito a chocolates.
“Noite Feliz, noite feliz
o Senhor Deus de amor
pobrezinho nasceu em Belém
eis na lapa Jesus nosso bem
dorme em paz ó Jesus
dorme em paz ó Jesus.”
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Foi assim que o Grupo Coral da Igreja de Sebastião de Lagos, com mais de uma dezena de elementos, oito dos quais adultos, de pé, mulheres e homens, estes de gravata vermelha, e os restantes crianças, acompanhados ao piano pelo músico João Pedro Cunha, iniciou, perto do altar principal, neste templo, pelas 21h.04m. do dia 05 de Janeiro de 2023 (quinta-feira), o espectáculo ‘Cantar dos Reis’, iniciativa da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos. O evento, que teve o apoio da Paróquia de São Sebastião de Lagos, assinalou, nesta cidade, o final da quadra festiva - Natal, Passagem de Ano de 2022 para 2023 e Dia de Reis, o qual, recorde-se, é comemorado nesta sexta-feira, 06 de Janeiro.
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Pandemia da Covid-19 obrigou a interromper esta tradição durante dois anos, lembrou Carlos Saúde, presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos
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Antes do início da actuação do Grupo Coral da Igreja de São Sebastião, o presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, Carlos Saúde, pelas 21.02 horas, saudou o público presente, destacando o regresso da iniciativa tradicional ‘Cantar dos Reis’, “dois anos depois desta interrupção”, numa alusão a uma das consequências resultantes da pandemia da Covid-19. Perto deste autarca e sentada, encontrava-se Sandra Oliveira, vereadora da Câmara Municipal de Lagos.
A Igreja de São Sebastião, que se foi enchendo, chegou a contar com mais de duzentas pessoas - muitas delas idosas - segundo as contas feitas pelo nosso Jornal. Alguns dos presentes registaram o espectáculo com fotos e filmagens através dos seus telemóveis.
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“É Natal, é Natal,
vamos sem demora.
Já nasceu o Deus menino
Que a senhora adora”
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“Toca o sino, pequenino,
sino de Belém
Já nasceu o Deus Menino
Para o nosso bem”
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“Vamos minha gente,
vamos a Belém
Pois já veio ao mundo
Jesus, nosso bem”
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Estas formam algumas das letras das canções do Grupo Coral da Igreja de São Sebastião de Lagos, entre violinos e violoncelos, e que mais encantou o público, sobretudo devido à exibição das crianças (meninos e meninas). A determinada altura, depois de uma delas cantar sozinha em frente às pessoas, os restantes elementos do grupo repetiam o verso, enquanto a criança se retirava. Foi, assim, durante alguns minutos com outras crianças, uma de cada vez, a cantarem diante do público.
A atuação do Grupo Coral da Igreja de São Sebastião de Lagos terminou pelas 21h17m., com os seus elementos presentes nesta sessão a curvarem-se, em sinal de agradecimento às pessoas que, entusiasmadas, não paravam de os aplaudir. Pouco depois, o presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos ofereceu a este grupo uma caixa com um bolo rei, uma garrafa com vinho e chocolates para as crianças.
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Vereadora Sandra Oliveira abana a cabeça e parte do corpo, em jeito de dança, ao som da música do Grupo de Amigos do Chinicato
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Seguiu-se, a partir das 21h.23m e até às 21h29m., a entrada em cena do coral do Grupo de Amigos do Chinicato, com 14 elementos, entre cânticos e danças, ao som, nomeadamente, de acordeão e ferrinhos. Enquanto isso, discretamente a vereadora da Câmara Municipal de Lagos, Sandra Oliveira, ia abanando a cabeça e parte do corpo, ao som da música, ou seja, também dançou. No final desta atuação, o autarca Carlos Saúde ofereceu um bolo rei e uma garrafa com vinho ao Grupo de Amigos do Chinicato.
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Homem, com saco, recolhe dinheiro para o Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere, mas nem todas as pessoas aderiram ao peditório
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Já pelas 21h,30m., foi a vez da atuação do Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere, constituído por 17 elementos, entre homens e mulheres, com os seus trajes típicos e ao som de acordeão, ferrinhos e tambor, entre outros instrumentos. Podiam ver-se senhoras com xailes e lenços na cabeça. Tal como como a vereadora Sandra Oliveira, também a presidente da Assembleia Municipal de Lagos, Joaquina Matos, abanava a cabeça, associando-se à dança.
A certa altura, enquanto uma dos elementos do grupo cantava e, pouco depois, os restantes membros repetiam os versos, um homem, usando uma samarra, caminhava pela igreja, com um saco para receber dinheiro do público, destinado a apoiar o Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere. Mas, como constatou o repórter do ‘Correio de Lagos’, nem todas as pessoas aderiram ao peditório, não metendo dinheiro no saco.
Em seguida, uma mulher, que integrou aquele grupo, agradeceu às pessoas presentes na igreja e desejou votos de “Bom Ano Novo e paz para todos”. Pelas 21h46m, o Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere deu por concluída a sua atuação, ao som de aplausos da assistência, depois de, também, ter recebido uma oferta do presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, Carlos Saúde.
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Tambor, guitarra, violinos e ferrinhos no grupo do Centro de Estudos de Lagos - Universidade Sénior
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Das 21h50m. até às 21h58m, e das 21h.58m. às 22h.05m. foi a altura para o grupo coral do Centro de Estudos de Lagos - Universidade Sénior, formado por 19 elementos e em que se podia ver o já conhecido e famoso José Bandarra com a sua guitarra, cantar os Reis, enquanto outros colegas acompanhavam ao som de tambor, violinos e ferrinhos.
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Padre Nelson Rodrigues apresenta-se como “convidado” da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos e evoca Bento XVI:
“Foi um dia bastante emotivo para mim, porque esta manhã (…) foi sepultado o Papa Bento XVI. E eu penso que esta será uma maneira muito grandiosa e cristã de honrarmos, também aqui em Lagos, este homem.”
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No final desta atuação, o autarca Carlos Saúde chamou o padre Nelson Rodrigues, responsável por várias paróquias no concelho de Lagos, entre as quais a de São Sebastião. Depois de ouvir aplausos do público, o sacerdote, que se apresentou vestido todo de preto e como “convidado” nesta iniciativa da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, começou por dizer: “Quero dizer-vos que estou um pouquinho adoentado. Está bem?…” (…) “Muito pessoalmente falando, esta noite acaba por me ajudar a concluir este dia que foi um dia bastante emotivo para mim, porque esta manhã (...) foi sepultado o Papa Bento XVI. E eu penso que esta será uma maneira muito grandiosa e cristã de honrarmos, também aqui em Lagos, este homem.”
Depois de apontar, sucintamente, aspetos sobre o funeral, em particular a forma como Bento XVI [Joseph Ratzinger, de 95 anos, nacionalidade polaca e que foi Papa de 2005 a 2013, tendo sido o primeiro Papa a renunciar na História moderna da Igreja - n.d.r.] decidiu ser sepultado na Basílica de São Pedro, no Estado Vaticano, em Roma, Itália, o padre Nelson Rodrigues salientou, no próprio Papa emérito falecido, “uma referência à adoração dos Reis Magos no Presépio em Belém.” “Todos têm de adorar o Menino. Não só os de Belém, mas também os magos, também os pastores, todos acorrem ao mesmo lugar para adorar o mesmo Menino”, acrescentou.
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“Grupos diferentes, de zonas diferentes, com sensibilidades diferentes, mas todos a cantar o mesmo. A cantar as Janeiras, a cantar os Reis.”
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Em seguida, o sacerdote saudou o facto de, nesta sessão do ‘Cantar dos Reis’, na Igreja de São Sebastião, em Lagos, se ter assistido à atuação de “grupos diferentes, de zonas diferentes, com sensibilidades diferentes, mas todos a cantar o mesmo. A cantar as Janeiras, a cantar os Reis.” “E por causa da temática do contexto do dia, estou-vos grato por aquilo que viemos, também, encontrar neste dia em que demos sepultura ao líder da nossa Igreja (…). Muito obrigado a todos e continuação de umas Boas Festas”, sublinhou Nelson Rodrigues. Ouviram-se fortes e intensos aplausos.
Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1º. de Maio e Grupo Coral de Lagos em actuação conjunta
O espetáculo promovido pela Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos terminou, pelas 22h.17m., com a atuação conjunta dos corais da Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1º. de Maio e do Grupo Coral de Lagos, reunindo um total de trinta elementos. Sob a liderança de um maestro, ouviram-se tambores, clarinetes e ferrinhos, entre outros instrumentos musicais. Uma jovem destacou esta tradição anual a agradeceu à autarquia liderada por Carlos Saúde. “Muito obrigado e desejo a todos Bom Ano”, finalizou, sob palmas do público. E pelas 22h21m, o presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos deu por encerrada a sessão. “Até para o ano!”
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Lubélia Monteiro: “Pensava que também ia atuar o Grupo das Portelas. E esperava a presença de mais grupos corais”
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No final da atuação dos grupos corais, Lubélia Monteiro, de 60 anos e funcionária do supermercado Intermaché, em Lagos, após ter contemplado o presépio exposto junto a um dos altares da Igreja de São Sebastião, disse à nossa reportagem: “Gostei muito. Mas pensava que também ia atuar o Grupo das Portelas. E esperava a presença de mais grupos corais. Em particular, apreciei imenso a atuação das crianças, com violino [do Grupo Coral da Igreja de São Sebastião de Lagos]. A igreja esteve cheia de pessoas, o que também foi importante para assinalar esta data festiva. Tenho assistido a esta iniciativa da Junta de Freguesia todos os anos e espero que continue.”
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Domitília Dias: “Foi uma noite diferente (…), mas “faltaram umas filhoses...”
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A seu lado, Domitília Dias, de 65 anos e comerciante nesta cidade, depois de nos referir que fazia suas “as palavras” da outra senhora, reforçou: “esperava a vinda de mais grupos corais, como por exemplo o das Portelas. Mas, acima de tudo, foi uma noite diferente.” E em jeito de ironia, acrescentou: “faltaram umas filhoses...”
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Maria Alberto: “Os grupos que actuaram nesta Noite de Reis foram todos muito bons. Gostei imenso do grupo com crianças muito engraçadas.”
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Já Maria Alberto, de 88 anos e residente na localidade do Chinicato, em Lagos, que se encontrava sentada num banco à entrada da igreja, também ficou surpreendida com a ausência do Grupo das Portelas. “Estiveram todos muito bem. Os grupos que atuaram nesta Noite de Reis foram todos muito bons. Gostei imenso do grupo com crianças muito engraçadas. Mas não apareceu o Grupo das Portelas, como noutros anos...”, observou Maria Alberto.
Por outro lado, aproveitou para lembrar que, há anos, havia “um bolo rei que levavam à Câmara Municipal” de Lagos, no edifício situado na Praça Gil Eanes, no centro da cidade, onde as pessoas podiam saborear.
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(em atualização)