No editorial da edição de Junho do jornal Correio de Lagos impresso, chamámos a atenção pelas más notícias sobre o caso Maddie que colocaram a Praia da Luz e o concelho de Lagos na comunicação social nacional e internacional pelos piores motivos, desde há 13 anos em vésperas do Verão. Colocámos a nu os maus exemplos do Presidente da República e do Primeiro-Ministro nas idas à praia antes da abertura da época balnear sem Nadadores-Salvadores, cujos resultados ditaram pré-afogamentos e afogamentos por todo o país.
Demos nota das decisões tomadas em relação às datas de saída do Estado de Emergência e entrada do chamado Desconfinamento.
Pela positiva, elogiámos o trabalho desenvolvido pelos municípios das Terras do Infante que se mantinham sem Covid-19, e ao mesmo tempo viam as praias galardoadas com Bandeira Azul e Qualidade de Ouro, bem como a Meia Praia entre as 10 melhores praias da Europa em tempo de Pandemia. Por outro lado, a boa nova de que foi aprovada na Assembleia da República a Relocalização do Hospital de Lagos. Enfim, tudo parecia no bom caminho. Parecia vislumbrar-se o Paraíso.
No entanto, num ápice, até parece que o Inferno nos bateu à porta. Com efeito, na 2ª feira à noite, dia 15 de Junho, já com a edição do CL fechada, pois o jornal segue para gráfica dois dias antes de estar nas bancas, recebemos a triste nota de imprensa da Câmara Municipal de Lagos dando conta de um jantar ilegal no concelho que provocava um foco de Covid-19. Porém, não estava referido o local da dita festa, nem se conheciam os responsáveis por acto tão desprezível.
Logo no início desta semana começámos a ter notícias nas televisões e imprensa nacional com ecos nos media internacionais, e reflexos negativos óbvios para a economia local e para os turistas portugueses e estrangeiros na procura do destino de Lagos.
Testagem massiva, investigações e apuramento da verdade
A Câmara Municipal de Lagos e as autoridades de saúde tomaram posições e emitiram comunicados. Desde logo, houve lugar a testagem massiva, com os funcionários da autarquia com resultados negativos à Covid-19. Mas continuam a subir os testes positivos de quem esteve naquele espaço ou em contacto com as pessoas irresponsáveis que brincaram com a saúde dos outros, chegando já aos noventa infectados. De referir igualmente a desinfecção de edifícios e até aconteceram estabelecimentos comerciais fechados e outros com cancelamento de reservas.
As consequências da festa ilegal no Clube Desportivo de Odiáxere já são verdadeiramente visíveis.
Demissões, suspensão de mandato e o encerramento do Clube Desportivo de Odiáxere
Em reunião da Câmara Municipal de Lagos, na quarta-feira, dia 17 de Junho, o público marcou presença e pronunciou-se sobre este fantasma do Covid-19 em Lagos. Sucederam-se as críticas a quem organizou mas igualmente ao clube que cedeu o espaço. O presidente da autarquia revelou a sua preocupação com a saúde dos lacobrigenses, algo desiludido com a situação após tantos sacrifícios, e também remeteu para as autoridades competentes as investigações que já decorrem, tal como o apuramento de responsabilidades e da verdade, aguardando-se com expectativa os resultados.
O jornal Correio de Lagos esteve no terreno, tanto em Lagos como nos concelhos de Vila do Bispo e de Aljezur, recolhendo testemunhos onde impera a revolta.
Há quem defenda já a demissão dos órgãos sociais do Clube Desportivo de Odiáxere, pois surgem alegadas responsabilidades de dirigentes, nomeadamente a Presidente da Direcção com suposta responsabilidade e conivência no aluguer do espaço, no serviço de comida e até bolos para tanta gente, bem como a autorização para a música alta, que terá motivado a chamada da GNR por parte da vizinhança.
Por outro lado, outro reparo repetidamente feito por diversas pessoas, prende-se com o facto de só passados dez dias é que o clube foi fechado, tendo nesse lapso de tempo ocorrido entrada e saída de pessoas, sem a devida desinfecção. Mais uma negligência inadmissível.
Um dos nossos interlocutores desabafava “não pode valer tudo em nome da ganância de fundos para o clube. Já basta os suspeitos subsídios recebidos da Câmara e da Junta”.
Há ainda quem advogue que a presidente do clube, que também é secretária da Junta de Freguesia de Odiáxere, deveria demitir-se, ou pelo menos suspender o mandato.
Enfim, uma novela desastrosa no concelho de Lagos, que promete novos episódios, estando já em causa cerca sanitária em Lagos e até o fecho do Algarve, de acordo com opiniões de alguns especialistas, mas contrariada evidentemente por Paulo Morgado, presidente da ARS Algarve, e naturalmente pelos autarcas. De igual modo, a Ministra da Saúde já descartou essa hipótese, referindo que a situação está controlada.
Entretanto, a Ministra da Justiça solicitou hoje à Procuradoria-Geral da República a intervenção do Ministério Público para, em representação do Estado, instaurar acções indemnizatórias contra os promotores do evento de Odiáxere, em Lagos, do qual resultou a infecção de várias dezenas de pessoas, incluindo crianças.
Incêndio em Aljezur que já ameaça Lagos e Vila do Bispo
E como diz o ditado “não há duas sem três”, a época dos incêndios também teve início, e logo em Terras do Infante, pois começou em Aljezur, ao início da tarde (12h55) de hoje, dia 19 de Junho. mas aproxima-se de Lagos e Vila do Bispo. O vento não dá tréguas e favorece a propagação do fogo, com duas frentes e várias projecções e obrigando algumas pessoas (pelo menos 30) a abandonar as suas casas por precaução.
Mais de trezentos operacionais no terreno apoiados por noventa meios terrestres e onze meios aéreos. Já foi pedido reforço para combater o fogo, que está previsto para as 21 horas.
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