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Eleições para a Presidência da República 2021: Concelho de Lagos surpreende com elevada afluência às urnas

Eleições para a Presidência da República 2021: Concelho de Lagos surpreende com elevada afluência às urnas

Carlos Conceição

José Manuel Oliveira

Marta Ferreira

«As pessoas aproveitaram as eleições para sair de casa nesta altura em que não se pode andar na rua por causa do vírus e do confinamento», desabafou uma senhora à saída da Escola Secundária Júlio Dantas. Houve filas na rua, com mais de cem eleitores para votar durante a manhã, na cidade de Lagos.

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Em tempo de pandemia de Covid-19 e dado o novo confinamento imposto pelo governo, a elevada afluência às urnas para a eleição do Presidente da República 2021 acabou por surpreender muita gente neste Domingo, dia 24 de Janeiro, nas seis assembleias de voto instaladas no concelho de Lagos, sobretudo durante a manhã. Chegaram a formar-se filas com mais de uma centena de pessoas, nomeadamente, no acesso à Escola Secundária Júlio Dantas, de forma geral, com os devidos distanciamentos, como testemunhou o nosso jornal.

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Lagos ultrapassou média nacional, com 30 por cento da votação até antes do meio-dia

«As pessoas aproveitaram as eleições para sair de casa nesta altura, em que não se pode andar na rua por causa do vírus e do confinamento», desabafava uma senhora para uma amiga, numa das saídas da Escola Secundária Júlio Dantas, onde funcionou uma das assembleias de voto da Freguesia de São Gonçalo de Lagos. A outra assembleia de voto, nesta cidade, esteve instalada pela primeira vez na nova Escola Secundária Gil Eanes, por reunir mais espaço e melhores condições do que a de Santa Maria, onde decorreram já várias eleições.

As restantes assembleias de voto funcionaram na Escola Primária de Bensafrim, no Centro Cultural de Barão de São João, no Clube Recreativo Cultural e Desportivo Luzense, na Praia da Luz, bem como na Escola Primária de Odiáxere. Até às 13:00 horas, a afluência às urnas no concelho de Lagos estava na ordem dos 30 por cento, tendo, inclusive, ultrapassado a média nacional (cerca de 17 por cento), segundo apurámos.

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Presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere, Carlos Fonseca: «Acho que as pessoas pensaram em vir mais cedo para se despachar e ficarem mais descansadas para a tarde, tanto que até à hora do almoço tivemos aí muita gente»

Só na freguesia de Odiáxere, por essa altura, a votação terá atingido os 45/50 por cento. «Em comparação, mesmo a nível nacional, com as últimas Presidenciais e de há dez anos, estas eleições estão a ter muito mais afluência», lembrou, já a meio da tarde, Carlos Fonseca, Presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere, que, em declarações ao Correio de Lagos, mostrou-se surpreendido pela situação: «Muito garantidamente que sim. De manhã, principalmente, acho que as pessoas pensaram em vir mais cedo para se despachar e ficarem mais descansadas para a tarde, tanto que até à hora do almoço tivemos aí muita gente», observou o autarca. Noutras eleições, foi diferente. «Era mais repartido. Acho que as pessoas mais velhas vêm mais cedo e os mais novos vêm quase sempre da parte da tarde. Hoje viu-se um misto, tanto que da parte da tarde a situação está muito mais calma», sublinhou Carlos Fonseca, considerando «exemplar» o comportamento dos eleitores com o uso das máscaras e o distanciamento, devido às regras sanitárias impostas pela Direcção-Geral da Saúde, na sequência da pandemia.

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«Chegaram a estar algumas pessoas na rua, mas garantidamente não esperaram mais do que cinco minutos»

«Algumas pessoas esqueceram-se de trazer as canetas, mas nós já tínhamos isso garantido. De resto, todas as pessoas usaram sempre a máscara e respeitaram o distanciamento», contou o Presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere. E referiu que «chegaram a estar algumas pessoas na rua, mas garantidamente não esperaram mais do que cinco minutos» para entrar no recinto da Escola Primária de Odiáxere, onde tinham o apoio de um elemento de uma empresa de segurança para acesso às instalações onde se encontrava a assembleia de voto. «Estavam trezentas pessoas à hora do almoço, mais ou menos repartido», havendo «quase setecentos votos da parte da manhã», assinalou Carlos Fonseca, recordando que a freguesia de Odiáxere conta com 2.100 eleitores.

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«É um escape, o votar e poder sair um bocadinho de casa. (…) Também tem muito a ver com todo este mediatismo na campanha eleitoral em redor do André Ventura. Acho que André Ventura mexeu com as eleições»

Sobre a elevada adesão a estas eleições para a Presidência da República, o autarca encontrou justificações: «Eu acho que, devido ao confinamento, as pessoas também querem sair. É um escape, o votar e poder sair um bocadinho de casa. Isso também contribuiu um bocado [para a afluência às urnas]. Depois, também tem muito a ver com todo este mediatismo na campanha eleitoral em redor do André Ventura. Acho que André Ventura mexeu com as eleições. Vamos ver os resultados».

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A vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa, numa campanha em que «a malta nova gosta de ouvir aquilo que André Ventura defende» ao entrar em «populismos»

Na opinião de Carlos Fonseca, apesar disso, o Presidente da CHEGA não conseguirá tirar partido da situação. E explicou o seu raciocínio: «Atendendo à forma como decorreu a campanha nos últimos dias, acho que, garantidamente, Marcelo Rebelo de Sousa será reeleito, disso não tenho dúvida nenhuma, e tudo aponta que Ana Gomes fique em segundo lugar e André Ventura em terceiro». Por outro lado, e numa altura em que se notava maior afluência às urnas por parte de jovens, comparativamente ao que é habitual no concelho de Lagos, o Presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere acabou até por concordar com a ideia de que tal tendência dessa camada da população poderia, de algum modo, significar um sintoma de revolta a favor de André Ventura. Mesmo assim, considerou também que «isso é transversal a todas as faixas etárias, não tem a ver propriamente com a malta nova». E acrescentou: «Poderá ser por aí, a malta nova gosta de ouvir aquilo que André Ventura defende ao entrar naqueles populismos e votar ao encontro disso». «Acho que a população, no geral, percebeu as diferenças de cada um dos candidatos e será unânime que Marcelo Rebelo de Sousa seja eleito à primeira volta», concluiu Carlos Fonseca, Presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere, já por volta das 18:30 horas, numa altura em que pouco movimento se via no acesso à assembleia de voto instalada na Escola Primária desta localidade do concelho de Lagos.

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«Foi rápido e estava tudo muito bem organizado», afirma munícipe lacobrigense

O CL inquiriu, ainda, alguns votantes que aguardavam a sua vez na fila acerca das previsões para estas eleições. Quanto à taxa de abstenção, Maria Odete Pinto, 68 anos, disse esperar uma percentagem de 80%, em parte devido ao confinamento, mas também pela «má organização da Câmara Municipal de Lagos», embora não tenha entrado em grandes detalhes.

Já Filipe Pinto, 24 anos, previu inicialmente um valor de 40%, frisando, logo em seguida, que a julgar pelos «infectados-Covid que não podem votar», a abstenção quiçá viesse a ser muito maior. O jovem acrescentou também que «podia estar alguém do lado de fora a ajudar quem tem mobilidade reduzida», e quando questionado sobre a difusão de informação aos votantes por parte dos órgãos municipais locais, respondeu: «Por acaso, não vi nada. Mas pode também ter sido falta de interesse da minha parte. Sei que vinha votar aqui [Escola Júlio Dantas] porque é sempre aqui».

A opinião de Filipe foi subscrita pela sua mãe, que concordou com a possibilidade de existir uma taxa de abstenção mais elevada que o normal, devido «à situação que todos vivemos» e também pela questão do voto em mobilidade por parte dos inúmeros emigrantes portugueses que, dada a conjuntura actual, vêem a exerção do seu direito de voto «mais difícil». E finalizou: «Até foi rápido [a votação]. Claro que as filas estavam enormes porque as pessoas têm de manter o distanciamento, mas foi rápido e estava tudo muito bem organizado em termos de desinfecção e orientação dos intervenientes. Correu tudo muito bem».

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