(Z1) 2020 - CM de Vila do Bispo - Um concelho a descobrir

“Considerar que o Hospital de Faro tem condições para ser um hospital de referência, em caso de pandemia, é deitar areia para os olhos dos algarvios, para não lhe chamar outra coisa”

“Considerar que o Hospital de Faro tem condições para ser um hospital de referência, em caso de pandemia, é deitar areia para os olhos dos algarvios, para não lhe chamar outra coisa”

O presidente da Direcção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), garante que até ao momento não tem conhecimento de quaisquer cancelamentos devido ao ‘coronavírus’ (CODIV 19), que se alastra pelo mundo, provocando vítimas mortais. “Não estamos alarmados, mas estamos preocupados”, diz, em entrevista ao «Correio de Lagos», Eliderico Viegas, que acusa “os nossos responsáveis, a começar pelo governo, de ignorarem os turistas e o Algarve”, apontando as lacunas existentes na prevenção do surto epidémico. E sublinha que “nas actuais circunstâncias, o Algarve e Portugal são destinos a considerar para as próximas férias.”

 

Correio de Lagos - Qual é o impacto do 'coronavírus' no turismo ao nível do Algarve? Há reservas canceladas? Que problemas sente? Há receios, pânico?

Elidérico Viegas - Não estamos alarmados, mas estamos preocupados. Até ao momento não temos conhecimento de quaisquer cancelamentos. É preciso termos bem presente que ainda não foi confirmado qualquer caso de infecção de coronavírus no Algarve e em Portugal.  A AHETA encontra-se a acompanhar a situação junto dos seus associados e entidades competentes.

 

“Os hotéis e empreendimentos turísticos dispõem de Planos de Contingência e de Saúde e Segurança no Trabalho”

 

Correio de Lagos -  Como estão os hotéis e os empreendimentos turísticos a preparar-se para esta situação?

Elidérico Viegas -  Os hotéis e os empreendimentos turísticos dispõem de Planos de Contingência e de Saúde e Segurança no Trabalho e a aguardar instruções das autoridades competentes, designadamente na área da saúde.

 

Correio de Lagos - Que conselhos dá aos turistas? 

Elidérico Viegas - Os turistas, tal como todas as pessoas a nível mundial, estão avisados sobre os cuidados a ter nestas circunstâncias.

 

“O sector hoteleiro e turístico continua a aguardar indicações sobre a forma de atuar” perante o ‘coronavírus"

 

Correio de Lagos - E que alertas deixa ao governo e aos responsáveis da saúde no Algarve? O que deve ser feito?

Elidérico Viegas - Os nossos responsáveis, a começar pelo governo, ignoraram os turistas e o Algarve, enquanto a maior e mais importante região turística portuguesa. É preciso termos bem presente que este vírus é importado. Esquecer a maior actividade exportadora nacional e a maior e mais importante região turística do País, revela a falta de entendimento da verdadeira substância da actividade turística na nossa economia e da maior Sala de Visitas de Portugal.

O sector hoteleiro e turístico continua a aguardar indicações sobre a forma de actuar, nomeadamente:

- Manual de procedimentos para hotéis e empreendimentos turísticos

- linha telefónica de contacto para turistas estrangeiros

- linha telefónica para hotéis e empreendimentos

- acções a desenvolver em casos suspeitos

- acções a tomar em caso de infectados

- medidas a seguir se os empreendimentos entrarem em quarentena.

Por outro lado, à semelhança do que já se verificou em outros países, o Governo ainda não anunciou medidas de apoio financeiro às unidades hoteleiras / empresas  afectadas, quer para suportar os custos derivados de uma eventual quarentena forçada, quer para esbater prejuízos causados por cancelamentos.

 

Correio de Lagos - O Algarve está preparado para enfrentar este problema?

Elidérico Viegas - Considerar que o Hospital de Faro tem condições para ser um hospital de referência, em caso de pandemia, é deitar areia para os olhos dos algarvios, para não lhe chamar outra coisa.

 

“Diretora Geral da Saúde está redondamente enganada e devia ter mais cuidado com as afirmações avulsas”

 

Correio de Lagos - A Directora Geral da Saúde, Graça Freitas, aponta para um cenário de 21 mil casos em Portugal (mais de um milhão de infetados) na fase crítica? Que repercussões poderá ter esta situação no turismo algarvio?

Elidérico Viegas - Felizmente, ao que tudo indica, a Directora Geral de Saúde está redondamente enganada. A Senhora Directora esquece que, no atual contexto, cenários e previsões são a mesma coisa, pelo que devia ter mais cuidado com as afirmações avulsas desta natureza.

 

“Nas actuais circunstâncias, Algarve e Portugal são destinos a considerar para as próximas férias”

 

Correio e Lagos -  Como encara o período da Páscoa e o Verão perante a expansão do 'coronavírus'?

Elidérico Viegas - Tudo vai depender da forma como o vírus se vai expandir, sobretudo nos países de origem dos turistas, uma vez que, segundo tudo indica, a situação em Portugal não irá atingir uma dimensão significativa.

 

Correio de Lagos - Admite que muitos turistas que habitualmente viajam, nomeadamente para países asiáticos, optem pela Europa e, em particular, por Portugal, para passar férias?

Elidérico Viegas - Não tenho disso quaisquer dúvidas. Aliás, e para que conste, a imprensa estrangeira já vem mencionando que, nas actuais circunstâncias, o Algarve e Portugal são os destinos a considerar para as próximas férias, nomeadamente no Reino Unido.

 

“Os fluxos turísticos oriundos da China são responsáveis por quase 20 por cento do turismo mundial”

 

Correio de Lagos -  Quais os países que mais poderão ser afectados em termos de turismo devido ao 'coronavírus'. E quais os que poderão aproveitar essa situação?

Elidérico Viegas - Os fluxos turísticos oriundos da China são responsáveis por quase 20% do turismo mundial. Assim sendo, todos os destinos procurados pelos chineses estão seriamente afectados, tal como as correntes turísticas para a China, reduzidas praticamente a zero.

 

Correio de Lagos - E que conselhos dá aos portugueses que viajam para outros países?

Elidérico Viegas - Tudo indica que o vírus tenderá a abrandar nos próximos tempos, sobretudo por razões climáticas. Contudo, ir para fora cá dentro, nunca terá feito tanto sentido como na actualidade.

 

José Manuel Oliveira

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