A recente publicação dos censos nacionais sobre animais errantes pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) confirma uma realidade preocupante, mas não surpreendente para a Animalife – há quase um milhão de cães e gatos errantes em Portugal, um número que excede em larga escala a capacidade atual dos Centros de Recolha Oficial (CROs).
Estes dados confirmam a crise que a Animalife tem destacado repetidamente e contra a qual temos lutado com determinação.
Os censos destacam não apenas o aumento significativo do número de animais errantes, mas também uma discrepância preocupante entre os animais acolhidos e os que conseguem encontrar um lar permanente.
No último ano, apesar do aumento das adoções, o número de animais nas ruas continuou a crescer, sublinhando a necessidade urgente de ações mais eficazes e abrangentes.
A Animalife, através da sua participação ativa na Estratégia Nacional para os Animais Errantes (ENAE), tem promovido uma abordagem mais holística e integrada.
“Estes números não são apenas estatísticas; eles representam vidas de cães e gatos que merecem a dignidade e o amor que um lar proporciona. A realidade é que, apesar dos esforços contínuos, há ainda muito trabalho a ser feito. É essencial que todos nós — governo, entidades privadas, sociedade civil e cada cidadão consciente — trabalhemos juntos para implementar soluções eficazes e duradouras. A coordenação entre as diferentes partes interessadas é crucial para o sucesso desta missão.”, descreve Rodrigo Livreiro, Presidente de Direção da Animalife.
A necessidade de focar não só nas consequências, mas principalmente nas causas do abandono animal é mais premente do que nunca.
No contexto dos dados revelados, a Animalife apela ao Governo e às entidades competentes para que intensifiquem a implementação das recomendações da Estratégia Nacional para os Animais Errantes (ENAE).
É essencial que trabalhemos juntos para desenvolver infraestruturas adequadas, melhorar os processos de adoção, e garantir uma vida digna para todos os animais.
É crucial que as políticas públicas sejam orientadas que visem:
Melhoria dos Processos de Adoção: Implementar estratégias para aumentar as taxas de adoção responsável, garantindo que cada animal possa encontrar um lar permanente que possa prover amor e cuidado adequados.
Capacitação dos Profissionais: Assegurar que os trabalhadores dos CROs recebem formação contínua para melhor lidar com os desafios específicos dos animais errantes e promover práticas mais humanas e eficientes no tratamento e recuperação desses animais.
Desenvolvimento de Infraestruturas: Investir na criação e manutenção de infraestruturas adequadas que possam proporcionar alternativas sustentáveis para a gestão de animais errantes, diminuindo a sobrecarga nos CROs.
Prevenção do Abandono: Fortalecer as medidas de apoio social para os detentores de animais em situação de vulnerabilidade, para evitar que o abandono seja visto como uma solução para crises pessoais ou econômicas.
Coordenação entre Sociedade Civil e Entidades Governamentais: Promover uma colaboração mais estreita entre todos os stakeholders para assegurar uma resposta eficaz e unificada aos desafios apresentados.
Olhando para o futuro, a Animalife está firmemente comprometida em reduzir o número de animais errantes em Portugal.
A abordagem bifocal da Animalife - no apoio às Associações Zoófilas, essenciais na assistência direta aos animais sem lar; por outro, na prevenção do abandono, atacando diretamente as suas causas, tem tido resultados.
Reconhecemos que muitos dos problemas relacionados com animais errantes originam-se de dificuldades socioeconómicas das famílias.
Por isso, um pilar fundamental da nossa estratégia é o apoio a pessoas e famílias em situação de especial vulnerabilidade, garantindo que tenham os recursos necessários para manter e cuidar de seus animais, evitando assim o seu abandono.
Uma das medidas fundamentais em que a Animalife investe é a esterilização, identificada nos Censos como uma necessidade crítica entre os inquiridos que frequentemente não possuem recursos para tal procedimento.
Esta iniciativa não apenas controla a população de animais errantes, mas também reduz os casos de abandono devido à incapacidade de cuidar de ninhadas inesperadas.